O ex-senador Telmário Mota foi detido na noite de segunda-feira em Goiás, acusado de ter supostamente encomendado o assassinato da mãe de sua própria filha. Anteriormente, no mesmo dia, as autoridades da Polícia Civil de Roraima, seu estado de origem, haviam realizado uma operação relacionada a ele.
De acordo com as informações do portal G1 e da GloboNews, que relataram a prisão, Telmário conseguiu escapar para o território goiano enquanto estava sendo procurado ao longo do dia.
Telmário é suspeito de ser o responsável por encomendar o assassinato de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, que era sua ex-esposa e mãe de uma de suas filhas. Durante a operação, as autoridades detiveram o indivíduo suspeito de ser o autor dos disparos fatais contra a vítima. Um terceiro indivíduo envolvido, que é sobrinho do político, permanecia foragido até a noite desta segunda-feira.
Antônia foi vítima de um homicídio, sofrendo um disparo na cabeça na manhã de 29 de setembro, por volta das 6h30, enquanto se preparava para sair de casa e ir trabalhar. No ano anterior, a filha que Antônia tinha em comum com o ex-senador acusou o próprio pai de estupro. Uma das hipóteses de investigação da Polícia Civil sugere que o assassinato de Antônia pode estar relacionado a esse incidente.
O crime foi cometido por dois indivíduos que estavam em uma motocicleta. Segundo as conclusões da investigação, a decisão de assassinar Antônia foi tomada durante uma reunião que ocorreu na fazenda Caçada Real, de propriedade do ex-senador Telmário Mota. Nessa ocasião, Mota teria designado seu sobrinho Harrison Nei Correa Mota, conhecido como Ney Mentira, como responsável por coordenar a execução do assassinato.
Ney Mentira, aparentemente, teria adquirido a moto que os criminosos utilizaram no assassinato. Conforme as informações dos investigadores, o veículo foi comprado por um valor de R$ 4 mil em dinheiro, estava registrado em nome de outra pessoa e apresentava documentação irregular. O sobrinho do ex-senador Telmário Mota já tinha enfrentado acusações anteriores, incluindo homicídio qualificado, estelionato, roubo agravado, furto qualificado e apropriação indébita.
Depois de adquirir a moto, Ney Mentira a repassou para uma assessora de Telmário Mota, que a levou a uma oficina para efetuar reparos e uma revisão. Posteriormente, a mesma mulher entregou a moto aos executores do crime em um local determinado pelo sobrinho do político.
Além de Telmário Mota e Ney, a operação também teve como alvo Leandro Luz da Conceição, que é apontado como suspeito de ter efetuado o tiro fatal que resultou na morte de Antônia. Leandro foi detido nesta segunda-feira e já estava sob investigação por envolvimento em um latrocínio, relacionado à morte da empresária Joicilene Camilo dos Reis, de 47 anos. Em dezembro de 2019, Joicilene foi encontrada morta dentro de sua residência, com as mãos amarradas com um fio elétrico.
Telmário Mota, que ficou afastado do Senado Federal por aproximadamente dez meses, serviu como parlamentar no Congresso Nacional entre 2015 e 2022, mas não conseguiu ser reeleito nas eleições do ano passado. Em agosto de 2022, a filha de 17 anos do ex-senador, fruto de seu relacionamento com Antônia, o acusou de estupro e formalizou uma denúncia junto à polícia. Na ocasião, a adolescente relatou que ele a coagiu a entrar em seu veículo e tocou em suas partes íntimas contra sua vontade.
Telmário Mota, que possui formação em economia e contabilidade, desempenhou a função de vereador em Boa Vista, a capital de Roraima, antes de ingressar no Senado Federal. Ele ocupou esse cargo entre 2008 e 2012, enquanto era afiliado ao PDT. No entanto, em 2017, Telmário foi expulso do partido por ter votado a favor da PEC que estabeleceu o teto dos gastos públicos.
Nas eleições de 2018, ele se candidatou ao cargo de governador de Roraima pelo PTB, mas obteve a última colocação. No ano seguinte, ele se filiou ao PROS, seguindo sua trajetória política em outra sigla partidária.