A utilização do sistema First Mile de origem israelense pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) representou uma ameaça à soberania nacional, conforme avaliação realizada por investigadores da Polícia Federal (PF) que analisaram a ferramenta empregada durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com informações do Metrópoles.
Conforme relatado anteriormente, a investigação indica que a Abin usou o sistema de maneira ilegal para monitorar jornalistas e autoridades públicas, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A ameaça à soberania nacional se tornou evidente devido à obtenção de informações por meio de um sistema desenvolvido em um país estrangeiro, uma vez que não havia proteção, supervisão ou regulamentação por parte da Anatel. Os dados de geolocalização eram transmitidos para o sistema israelense sem nenhum tipo de filtro ou restrição.
Uma parte da Abin, cuja responsabilidade é proteger a soberania nacional, teria, na verdade, contribuído para criar vulnerabilidades nessa esfera.
Durante os quatro anos de seu mandato, Bolsonaro manteve uma relação próxima com o governo de Israel, de onde a agência importou o sistema. Poucos dias antes de encerrar seu mandato como Presidente, ele realizou uma reunião confidencial com o embaixador israelense em exercício no Brasil, Daniel Zonshine, no Palácio do Planalto.
A Polícia Federal fez uma solicitação para obter a lista de todas as pessoas monitoradas pelo First Mile, mas recebeu apenas os números de telefone, sem as correspondentes identificações dos indivíduos. A atitude considerada pouco colaborativa por parte da Abin irritou os investigadores, que tiveram que fazer esforços extras para relacionar os números de telefone aos proprietários das respectivas linhas telefônicas.
A suposta tentativa de obstruir as investigações levou a discussões na Polícia Federal sobre a possibilidade de decretar a prisão preventiva de outros servidores da Abin, além dos dois que já haviam sido detidos. No entanto, a alta cúpula da Polícia Federal interveio para acalmar a situação e evitar que mais funcionários da agência fossem alvo da operação.
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