Os governadores JxC declararam-se neutros
Por Maria Cafferata
26 de outubro de 2023 – 00h44
Página 12 – – Pouco depois de Patricia Bullrich e Mauricio Macri explodirem o Juntos pela Mudança, os governadores da Cambiomita saíram com a ambulância para recolher os escombros. Foi a última cimeira depois de um dia de fogo: da Casa de Corrientes, os governadores radicais e PRO saíram para acalmar as águas depois da bomba que Bullrich lançou ao anunciar que apoiaria Javier Milei (e a resposta devastadora de Gerardo Morales, que acusou Macri de estar feliz por “estragar” a vida de JxC). Como postal de unidade após o terramoto, os líderes provinciais mantiveram-se unidos, confirmaram que a coligação não tinha sido quebrada e apelaram à neutralidade na segunda volta. “Além das nossas posições pessoais, o nosso dever neste momento não é determinar quem será o próximo presidente, mas reafirmar os valores fundadores da JxC”, sustentaram, após a cimeira, através de um comunicado.
Foi também a desculpa para lançar a “liga de governadores JxC”. “O facto político mais importante não tem de ser a mudança de números. Não fomos eleitos para decidir quem deveria ser o próximo presidente nesta segunda volta. Fomos eleitos para governar províncias que têm de coexistir com o governo nacional, seja ele qual for. E “Esta liga de governadores veio para ficar”, disse o governador de Chubut, Ignacio “Nacho” Torres, em uma breve entrevista coletiva à noite. No encerramento desta edição, dentro do prédio localizado no centro de Buenos Aires os governadores ainda estavam reunidos, participando de um encontro que acabou virando um churrasco.
O cartão postal da unidade depois do terremoto
A reunião foi convocada na véspera pelo governador eleito de Entre Ríos, Rogelio Frigerio, pelo de Mendoza, Alfredo Cornejo e pelo anfitrião, Gustavo Valdés de Corrientes. A ideia original era aproveitar o seu volume político como governadores do Juntos pela Mudança – são 10 no total – com o objetivo de estabelecer uma posição no segundo turno, além do que foi definido nas conferências de imprensa do PRO e da UCR. O objectivo era criar uma espécie de contra-cimeira que afirmasse o seu peso territorial e começasse a consolidar, assim, uma “liga de governadores” que funcionasse como pólo de decisão num contexto de ausência de liderança. “Seremos o pólo da oposição quando Milei ou Massa tomarem posse, não obedeceremos mais às ordens de Macri e Bullrich”, afirmou um líder radical do Norte desde o início.
O objetivo era manter uma posição de neutralidade e constituir a espinha dorsal de uma coligação de oposição que contaria também com centenas de autarcas, 93 deputados e 24 senadores. O anúncio de Bullrich ao meio-dia, entretanto, detonou os planos. No radicalismo – e grande parte do PRO – ficaram furiosos. A novela começou durante a convenção radical, onde houve críticas à forma como toda a campanha foi organizada, a recusa em incorporar Juan Schiaretti – falava-se até em incorporar o cordoba numa futura coligação de oposição – e, fundamentalmente, culpar Mauricio Macri como o principal responsável pela implosão do JxC. “Macri está feliz. Era o que ele queria desde o início. Queria estragar a vida de JxC”, encerrou a conferência Gerardo Morales, minutos antes de partir para a Casa de Corrientes para se encontrar com seus pares provinciais.
O cenário havia mudado e o objetivo, agora, era tentar esboçar alguma imagem de coordenação interna após a manifestação caótica do declaracionismo individual. Os governadores cambiomitas tiveram que funcionar como garantes da unidade porque, em última análise, a sua própria governabilidade dependia dela. “Com Milei, Macri destruiu todas as legislaturas provinciais”, disse um líder radical de uma província da Patagónia, enquanto calculava quantos dos seus próprios legisladores restariam se rompessem com o PRO.
A reunião começou depois das seis da tarde e contou com representação de todas as províncias governadas pela JxC, exceto uma: a Cidade de Buenos Aires. Estavam Cornejo e Rodolfo Suárez (Mendoza), Gustavo Valdés (Corrientes), Rogelio Frigerio (Entre Ríos), “Nacho” Torres (Chubut), Leandro Zdero (Chaco), Marcelo Orrego (San Juan) e Carlos Sadir (Jujuy). Para Santa Fé e San Luis foram eleitos os vice-presidentes, Gisela Scaglia e Ricardo Endeiza. O último a chegar foi Gerardo Morales. Jorge Macri, por outro lado, decidiu não participar. O atual chefe do governo de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, optou por oferecer uma entrevista coletiva desde a sede de Uspallata, de onde, palavras mais palavras menos, manteve a mesma posição que os governadores anunciariam posteriormente: nem Sergio Massa nem Javier Mieli.
“Nossa postura continuará sendo a da defesa irrestrita dos valores republicanos”, iniciava o comunicado redigido pelos governadores, publicado depois das oito da noite. O texto, que falava em não “trair a nossa identidade nem entregá-la a quem pagasse mais”, afirmava que seria mantida uma posição de neutralidade em relação ao segundo turno e que, em qualquer caso, cada líder teria a liberdade de escolher quem quer. suportado.
Dessa forma, tentou-se baixar o tom – e até mesmo negar – Morales, que havia acusado Bullrich de romper com o espaço de apoio a Milei. “Não somos nós que indicamos em quem votar. Se os líderes do JxC quiserem se manifestar, podem fazê-lo”, disse Cornejo, logo após a divulgação do comunicado.
Morales saiu poucos minutos depois, mais calmo, mas com uma cara hostil: “Fechamos fileiras”, resumiu.