Charge: Jorge Braga
Segundo várias pesquisas, a imagem das Forças Armadas despencou no período recente. Presença de milhares de oficiais em cargos no covil de Jair Bolsonaro, denúncias de roubalheiras e de privilégios – como nas compras de picanha, lagosta, Viagra e próteses penianas – e participação ativa em conspirações golpistas, entre outros absurdos, ajudam a entender a perda acelerada de credibilidade. Mas parece que os generais estão pouco se lixando com a imagem da instituição. Eles se preocupam apenas com a corporação e com o “partido militar”.
Reportagem publicada na Folha nesta sexta-feira (13) informa que o Exército avalia promover Mauro Cid, o ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro metido em falsificação de cartões de vacinação, trambiques com as joias milionárias e “minutas” de golpe. Segundo a matéria, “a turma da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) de 2000 é a próxima a entrar no ciclo de promoções a coronel, em 2024, e o tenente-coronel Mauro Cid estaria, pelo histórico nas Forças Armadas, entre os primeiros lugares na corrida pela terceira estrela de fundo dourado”.
A força do “partido militar”
A Folha até especula que a absurda promoção trará “uma circunstância vista como inédita pelo Exército, que já provoca discussões na tentativa de evitar novos desgastes envolvendo militares. De um lado, interlocutores do comandante da Força, general Tomás Paiva, avaliam que ele deve buscar alguma forma de segurar a promoção de Cid, que firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal em meio a uma série de investigações no período em que foi braço direito de Bolsonaro. De outro, generais ouvidos pela Folha dizem que Cid não pode ficar sub judice e ter a promoção congelada porque não é réu”.
De acordo com a reportagem, as promoções estão previstas para abril, agosto e dezembro de 2024. “Qualquer decisão sobre o assunto, porém, só será tomada às vésperas do fim do processo de promoção, na expectativa de que a Polícia Federal já tenha concluído a investigação e o Ministério Público oferecido denúncia sobre os casos que envolvem Cid”. Pelas normas do Exército, as promoções são analisadas por uma Comissão de Oficiais, que é composta por 18 generais e presidida pelo chefe do Estado-Maior do Exército.
Apesar das inúmeras e graves denúncias que pesam contra o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro – que inclusive ficou preso por quatro meses e só foi solto após fechar um acordo de delação premiada –, há pressão para que ele seja promovido. “Três colegas de Mauro Cid afirmaram à Folha que um possível veto à promoção do tenente-coronel seria uma decisão política que aumentaria a resistência dos militares à atuação da cúpula da Força”. O “partido militar”, que bancou a eleição e as estrepolias do “capetão”, segue com força no Brasil.