A lista das pessoas que foram alvo de espionagem não autorizada durante a administração de Bolsonaro através de um programa de rastreamento de telefones ainda não foi divulgada publicamente. No entanto, a Polícia Federal já identificou mais dois oponentes políticos do ex-presidente que foram vítimas de vigilância clandestina: o jornalista Glenn Greenwald e seu parceiro, o falecido deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, Davi Miranda. Com informações do O GLOBO.
Conforme informações da Polícia Federal, os dispositivos móveis de ambos estão inclusos na relação de 1.800 telefones entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, a qual foi fornecida pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.
A lista de alvos inclui profissionais da comunicação, juristas, e a oposição ao governo Bolsonaro durante o período compreendido entre 2019 e 2021, com a liderança de Alexandre Ramagem, que atualmente ocupa o cargo de deputado federal pelo Partido Liberal (PL) no estado do Rio de Janeiro.
Glenn Greenwald, atualmente residindo nos Estados Unidos, é o fundador do portal Intercept Brasil e desempenhou um papel crucial na divulgação da série de matérias referentes ao caso “Vaza Jato”, que expôs as mensagens que foram obtidas de maneira não autorizada no âmbito da operação Lava Jato. Sua fama internacional se consolidou após a publicação de diversas reportagens que revelaram os documentos vazados por Edward Snowden, um ex-agente da Agência de Segurança Nacional (NSA), que denunciou várias ações de espionagem governamental ilegal praticadas por parte dos Estados Unidos contra governos estrangeiros.
Davi Miranda já atuou como vereador pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) no Rio de Janeiro. Ele afirmou ser o “primeiro vereador assumidamente gay” da história da cidade e posteriormente ascendeu à posição de deputado federal. Durante seu mandato na Câmara dos Deputados, ele se envolveu em várias controvérsias com a família Bolsonaro.
Os investigadores também têm conhecimento de que técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-deputado federal Jean Wyllys, e uma pessoa com o mesmo nome que o ministro Alexandre de Moraes foram alvos de vigilância clandestina.
Apesar de ter entregue ao Supremo uma planilha contendo os números de telefone que foram acessados com o software First Mile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, a Abin afirmou que não possui informações sobre os nomes dos proprietários das linhas, alegando que essas informações estariam protegidas por sigilo.
A explicação dada pela Abin não convenceu a PF e o ministro Alexandre de Moraes. Durante as operações realizadas na sexta-feira, constatou-se que os outros 31.200 registros de acessos feitos com o programa espião foram apagados do sistema.
Os investigadores estão analisando o material apreendido para determinar a data em que esses dados foram apagados, identificar quem deu a ordem para apagar e compreender os motivos por trás dessa ação.