Israel destrói igreja com civis em Gaza

REUTERS/Mohammed Al-Masri

RFI – O Exército israelense admitiu nesta sexta-feira (20) ter realizado um ataque aéreo que atingiu parte de uma igreja ortodoxa em Gaza. Um comunicado do Ministério do Interior do Hamas havia denunciado, na quinta-feira (19), essa operação que deixou um número incerto de mortos e feridos no local onde muitas pessoas deslocadas se abrigavam para fugir da guerra.  

De acordo com o movimento islâmico palestino, a operação nas dependências da igreja ortodoxa grega de Saint-Porphyry (São Porfírio) deixou “um grande número de mártires e feridos”. Testemunhas disseram que o ataque parecia ter como alvo um local próximo à igreja.

Entrevistado pela AFP, o porta-voz do Exército israelense informou que “caças das Forças de Defesa de Israel (IDF) atacaram um centro de comando e controle do Hamas envolvido no lançamento de foguetes e morteiros contra Israel”. Este centro “foi usado para realizar ataques contra Israel e alojou infraestruturas terroristas pertencentes à organização Hamas”, detalhou a mesma fonte. “Após o ataque da IDF, o muro de uma igreja na área foi danificado. Estamos cientes de que há relatos de vítimas e o incidente está sendo verificado”, acrescentou o porta-voz.

Ele ainda sublinhou que “o Hamas se posiciona intencionalmente em áreas habitadas por civis e utiliza os habitantes da Faixa de Gaza como escudos humanos”, reiterando a exigência israelense de evacuar o norte da Faixa de Gaza.

Segundo testemunhas, a operação danificou a fachada da igreja e causou o desabamento de um local adjacente. Muitos feridos foram levados para o hospital.

Patriarcado Ortodoxo condena ataque 

O Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém condenou “com a maior firmeza o ataque aéreo israelense que atingiu o complexo de sua igreja na Cidade de Gaza”, segundo um comunicado publicado no site oficial da instituição.

“O Patriarcado enfatiza que atacar igrejas e suas instituições, bem como os abrigos que elas fornecem para proteger cidadãos inocentes, especialmente crianças e mulheres que perderam as suas casas devido aos ataques aéreos israelenses em áreas residenciais durante os últimos treze dias, constitui um crime de guerra que não pode ser ignorado”, acrescentou.

Saint-Porphyry está localizada no bairro histórico da Velha Gaza e é a igreja mais antiga ainda ativa no território palestino. Segundo a tradição, no local repousam as relíquias de São Porfírio, eremita e bispo de Gaza do século V.

A igreja não fica muito distante do hospital Ahli Arab, alvo de um ataque na noite de terça-feira (17) que deixou 471 mortos, segundo autoridades do Hamas. O grupo, considerado terrorista por vários países ocidentais, atribuiu o ataque a Israel. O Estado judeu negou a acusação e apontou como responsável a Jihad Islâmica, outro grupo armado ativo na Faixa de Gaza.

O número de cristãos no enclave palestino, na sua maioria ortodoxos, tem diminuído constantemente. De acordo com os líderes religiosos locais, apenas mil fiéis ainda moram na Faixa de Gaza. Antes de o Hamas assumir o controle deste território de 2,3 milhões de habitantes, em junho de 2007, eles eram mais de 7.000.

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