Segundo o GLOBO, membros do Partido Liberal (PL) estão preocupados que a ação realizada nesta sexta-feira (20), que está ligada à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), possa prejudicar os objetivos da legenda na corrida pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.
Há uma preocupação de que as investigações possam, de fato, alcançar o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele é um ex-diretor da Abin no governo Bolsonaro e estava sendo considerado como possível candidato à prefeitura do Rio. Durante sua gestão na Abin, houve ampla utilização de um sistema que realizava a vigilância não autorizada de indivíduos.
Assim que a operação policial teve início, aliados e colaboradores do presidente Bolsonaro começaram a investigar quão longe a investigação poderia chegar em relação a Ramagem. Na ação de hoje, dois agentes foram detidos e outros cinco foram afastados, mas Ramagem não foi alvo da ação. De acordo com informações obtidas pela coluna, no processo administrativo disciplinar que esses funcionários enfrentam, o ex-diretor da Abin não foi mencionado.
Os investigadores descobriram que os agentes da Abin utilizaram a ferramenta em questão em mais de 30 mil ocasiões. A Polícia Federal conseguiu detalhar cerca de 1.800 desses usos, que estavam relacionados a políticos, jornalistas, advogados, membros do Judiciário e opositores do governo Bolsonaro.
O sistema FirstMile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, foi adquirido pelo governo de Michel Temer, mas teve uma ampla utilização durante a gestão de Jair Bolsonaro, com Ramagem ocupando a posição de liderança na Abin.
Próximo ao ex-presidente e seus filhos, Ramagem é considerado como uma alternativa do PL para a corrida à prefeitura do Rio de Janeiro, caso o general Walter Braga Netto não aceite a candidatura. Como delegado da Polícia Federal, o deputado é um dos candidatos apoiados por Jair Bolsonaro e seus filhos na eleição carioca.
No dia que precedeu a operação, o deputado federal compartilhou nas redes sociais uma foto em que aparece ao lado do vereador Carlos Bolsonaro durante uma visita ao seu gabinete.
Quanto à operação policial, Ramagem declarou que o sistema foi adquirido em 2018, antes do início do governo Bolsonaro, e ressaltou que, ao assumir a Abin, todos os contratos foram submetidos a auditorias.
Ele acrescentou: “Mesmo tendo passado por prova de conceito técnico e parecer favorável da Advocacia-Geral da União para aquisição (2018), nossa gestão resolveu encaminhar à Corregedoria para instaurar correição. A operação de hoje só foi possível com esse início de trabalho de austeridade promovido na nossa gestão”. As declarações foram feitas por Ramagem em suas redes sociais.