Ministro de Israel sinaliza que invasão terrestre em Gaza está próxima

Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

Reuters – O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse às tropas reunidas na fronteira de Gaza nesta quinta-feira que logo verão o enclave palestino “de dentro”, sugerindo que uma invasão terrestre pode estar próxima.

Israel bombardeou Gaza com mais ataques aéreos, enquanto o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, repetiu o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com uma visita para demonstrar o apoio ocidental à guerra contra os militantes da resistência palestina, que realizaram um ataque em 7 de outubro, matando 1.400 israelenses.

Israel respondeu ao ataque mais letal em seus 75 anos de história prometendo destruir o movimento Hamas, colocando toda a população de 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza sob um cerco total e bombardeando o enclave com ataques que mataram milhares de pessoas e deixaram mais de um milhão de desabrigados.

No norte de Gaza, imagens obtidas pela Reuters do campo de refugiados de Jabaliya mostraram moradores cavando com as próprias mãos dentro de um prédio danificado para libertar um menino e uma menina presos sob os escombros. O corpo de um homem foi retirado e os moradores tentavam iluminar o local com seus telefones celulares.

Enquanto isso, o Egito tomou medidas para permitir a entrada de ajuda, mas as primeiras entregas não são esperadas antes de sexta-feira, em meio à deterioração das condições.

“Vocês veem Gaza agora à distância, mas logo a verão de dentro. O comando virá”, disse Gallant aos soldados. Não se esperava que as tropas entrassem enquanto os líderes estrangeiros estivessem em visita.

Gallant também afirmou que a batalha será longa e difícil.

Pouco depois da declaração de Gallant, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, publicou um vídeo de si mesmo com as tropas perto da fronteira, prometendo vitória.

Sunak, que aterrissou em Tel Aviv horas depois da partida de Biden, disse aos israelenses: “Vocês sofreram um ato indescritível e horrível de terrorismo e quero que saibam que o Reino Unido e eu estamos com vocês”.

Biden voou para casa na noite de quarta-feira após uma visita de oito horas, tendo prometido apoiar Israel, mas obtendo apenas um sucesso limitado em sua missão de levar ajuda a Gaza.

A segunda parte de seu itinerário – uma reunião planejada com aliados árabes – foi cancelada em resposta a uma explosão em um hospital de Gaza, que os palestinos atribuíram a um ataque aéreo israelense, mas que Israel disse ter sido causada por um lançamento fracassado de foguete por militantes. Biden apoiou a versão israelense.

Biden disse que havia conseguido um acordo para permitir que 20 caminhões de ajuda chegassem a Gaza a partir do Egito nos próximos dias, ainda uma fração dos 100 por dia que o chefe de ajuda da ONU, Martin Griffiths, disse ao Conselho de Segurança que eram necessários.

Duas fontes de segurança egípcias disseram que equipamentos foram enviados na quinta-feira através da passagem para consertar as estradas no lado de Gaza para que a ajuda pudesse atravessar. Mais de 100 caminhões estavam esperando no lado egípcio.

Israel afirmou que permitiria que uma quantidade limitada de ajuda chegasse a Gaza a partir do Egito, mas somente se nenhuma delas beneficiasse o Hamas. Reiterou sua posição de que abrirá seus próprios postos de controle para permitir a entrada de ajuda somente quando todos os mais de 200 reféns capturados pelos homens armados forem libertados.

Os bombardeios e a invasão terrestre prevista aumentaram os temores de que o conflito se espalhe. O grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, disse que disparou foguetes contra uma posição israelense no vilarejo de Manara na quinta-feira e provocou uma barragem de artilharia israelense em resposta, na mais recente troca de disparos da pior escalada de violência na fronteira em 17 anos.

As Forças Armadas israelenses disseram que pelo menos 20 foguetes e um míssil antitanque foram disparados do Líbano.

Oito palestinos foram mortos em confrontos com as forças israelenses no campo de refugiados de Nur Shams, na cidade de Tulkarm, na Cisjordânia, informou o Crescente Vermelho Palestino na quinta-feira.

De acordo com autoridades de saúde palestinas, o número de vítimas em decorrência dos ataques israelenses em Gaza aumentou para mais de 3.500 mortos e mais de 12.000 feridos.

Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, homens correram para o principal hospital de Nasser carregando crianças mortas e feridas nos braços, em ambulâncias e na traseira de um caminhão, depois que uma bomba atingiu uma casa em plena luz do dia.

Os médicos disseram que quatro pessoas foram mortas e muitas ficaram feridas, principalmente crianças deslocadas do norte de Gaza que estavam jogando futebol em um terreno ao lado.

“Vi partes de corpos, crianças desmembradas, o que posso descrever para vocês?”, disse Hassan Al-Hindi, um vizinho que viu o ataque. “Eles mataram crianças”, gritou ele.

Os moradores de Gaza zombaram do gesto de prometer apenas 20 caminhões de ajuda para 2,3 milhões de pessoas que não têm acesso a alimentos, água, combustível e suprimentos médicos.

“Não queremos nada dos países árabes e estrangeiros, exceto parar com o violento bombardeio em nossas casas”, disse El-Awad El-Dali, de 65 anos, falando perto de casas em ruínas.

Em outra área, um distrito comercial foi reduzido a escombros, com o berço rosa de uma criança revirado no chão, janelas de uma loja de roupas e veículos danificados.

“Tenho mais de 70 anos, já passei por várias guerras, mas nunca foi assim”, afirmou Rafat Al-Nakhala, que chegou ao local depois de obedecer à ordem de Israel para que os civis fugissem da Cidade de Gaza, no norte.

As Nações Unidas dizem que cerca de metade dos habitantes de Gaza ficaram desabrigados, ainda presos dentro do enclave, um dos lugares mais densamente povoados do mundo.

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