O Exército Brasileiro está investigando o furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na Grande São Paulo, ocorrido na semana passada. As armas furtadas são 8 metralhadoras calibre 7,62 e 13 metralhadoras calibre .50, que têm alto poder de fogo e podem ser usadas para derrubar aeronaves e perfurar veículos blindados.
O furto é considerado o maior desvio de armas do Exército desde 2009, quando 7 fuzis foram roubados de um batalhão em Caçapava, no interior paulista.
E se não bastasse isso, conforme noticiado pelo site Sociedade Militar, o exército ainda fez a “gentileza” de disponibilizar em suas redes vídeos ensinando a montar e realizar a manutenção das armas de guerra.
E para completar o show, 8 das armas roubadas foram encontradas no Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro Gardênia Azul, onde certamente seriam usadas em guerra de facções e milicianos na Zona Oeste. As armas foram encontradas num carro sozinho, ninguém foi preso.
Resta saber quem fez o “intercâmbio” entre os militares paulistas e as milícias cariocas que possuem militares entre os seus quadros.
O episódio é mais um entre vários outros que mostram a completa falta de competência das forças armadas para gerirem qualquer coisa sozinhas. Dos descalabros da pandemia até as metralhadoras em São Paulo, fica claro que a única coisa que falta para o Suriname invadir o Brasil e tomar o país em algumas horas é vontade.
O Exército desconhece o número de militares envolvidos em desvios de armas e munições, a alegação é que a falta de centralização das informações (em pleno 2023) dificulta este tipo de levantamento. E não para por aí!
O mesmo exército que deveria controlar a venda de armas no país, permitiu que, com documentos falsos, um atirador usasse ‘laranjas’ para comprar 11 fuzis e outras 13 armas e negociá-los com facções criminosas, isso em 2022.
Já em outro caso, agora no Maranhão, o Sistema do Exército não foi capaz de detectar uma fraude ‘esdrúxula’ em desvio de munição, fazendo com que cerca de 60 toneladas de armamentos fossem parar nas ruas e nas mãos de criminosos.
Mas a cereja do bolo chega agora: responsáveis pelo controle das armas legalizadas, o Exército afirma não saber o tamanho do arsenal de CACs em cada cidade brasileira.
Se já não bastasse os problemas que as Forças Armadas causam na estabilidade do país e normalidade democrática, os fardados também são um dos principais causadores de problemas e dificuldades na segurança pública.
Exagero? Ainda no final de setembro deste ano, um vídeo que circulou por todo o país mostrou o treinamento de guerra dos criminosos, que usam técnicas e armamentos militares para simular táticas de progressão no território. Quem teria treinado os traficantes em técnicas militares?!
E o governo federal, em seu velho compromisso com o erro, ainda avalia, através do Ministério da Defesa, ser possível atender a pedido de Castro para entupir o RJ de militares no combate ao tráfico de drogas.
Não funcionou no passado, por que funcionaria agora? No caso mais recente uma vereadora foi assassinada por milicianos em plena intervenção federal e militares fuzilaram um carro com uma família dentro e um catador de recicláveis que tentou ajudar os alvejados.
Na última intervenção os militares gastaram mais de R$ 300 mil em camarão, cajuzinho, presunto parma e outros itens supérfluos, além de uma suspeitosa compra de coletes superfaturada que foi barrada pelo Tribunal de Contas da União por flagrantes indícios de fraude.
Não é só por causa de 1964 ou do envolvimento direto na agitação política da última década que precisamos discutir o papel das forças armadas na sociedade brasileira. Até quando vamos fugir de um debate que mais trará benefícios do que malefícios à sociedade?
A lenda urbana de que militares seriam bons gestores já caiu por terra. Não são tão diferentes do que os políticos enfadonhos do centrão que atrasam o país com seus interesses comezinhos.
Para o Brasil avançar, precisamos encarar a questão militar.