Daniel Noboa se elegeu o presidente mais jovem do país, ao derrotar esquerdista Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa. Campanha marcada por assassinatos foi uma das mais violentas da história.
Publicado em 16/10/2023
DW — O jovem empresário Daniel Noboa, de 35 anos, venceu as eleições presidenciais realizadas neste domingo (15/10) no Equador, depois de derrotar no segundo turno a candidata Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa.
Com 98% dos votos apurados, Noboa obteve 52,3%, contra 47,8% de González.
Noboa, que concorreu pela aliança Ação Democrática Nacional (ADN), tornou-se o presidente eleito mais jovem da história do Equador. Já González, da Revolução Cidadã, tentava ser a primeira mulher a vencer uma eleição presidencial no país.
Cerca de 82% dos mais de 13,4 milhões de equatorianos que estavam habilitados a ir às urnas neste domingo foram votar, em uma jornada de votação que transcorreu normalmente e sem incidentes graves, de acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e a missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Pai concorreu 5 vezes à presidência
Noboa, empresário e ex-deputado, herdeiro de uma das famílias mais ricas do Equador, chega à cadeira presidencial, realizando algo que seu pai, o magnata do setor bananeiro Álvaro Noboa, não conseguiu, embora tenha concorrido cinco vezes à presidência.
Ele assumirá a presidência do Equador para o período 2021-2025 e completará o mandato do atual presidente, o conservador Guillermo Lasso, que optou por deixar o cargo antecipadamente, aplicando a chamada “morte cruzada” em maio.
Com esse mecanismo constitucional, Lasso forçou o processo eleitoral extraordinário ao dissolver a Assembleia Nacional (Parlamento) quando ela, controlada por uma oposição liderada por aliados de Rafael Correa – como González –, estava prestes a votar uma moção para destituir o governante, acusado de suposto desvio de dinheiro, o que ele rejeita.
Proposta focada na juventude
Noboa venceu as eleições com uma proposta focada na juventude e na criação de empregos e oportunidades, mas também prometeu enfrentar a crise de segurança no Equador ligada ao crime organizado.
O país vive seu pior período de violência. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes passou de 5,8 em 2017 para 25,62 em 2022, o que representa a maior taxa desde que os registros começaram. Isso se deve ao aumento da atuação de máfias principalmente dedicadas ao tráfico de drogas. Nos últimos anos, o Equador se tornou um centro para o tráfico global de cocaína.
Assassinatos
Essas eleições foram as mais violentas da história do país, com o assassinato de três líderes políticos no período de três semanas, sendo o episódio mais grave o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, morto a tiros do lado de fora de um comício eleitoral em Quito 11 dias antes do primeiro turno, em 20 de agosto.
Pouco menos de duas semanas antes, o prefeito da cidade de Manta, Agustín Intriago, já havia sido assassinado. Em 14 agosto, Pedro Briones, um dirigente do partido do ex-presidente Correa, foi morto.
O novo presidente também terá entre seus desafios o déficit econômico, que está crescendo diante da redução das receitas neste ano devido à queda nos preços do petróleo, um dos principais pilares da economia equatoriana, que também pode ser atingido pelo fenômeno climático El Niño previsto para o final do ano.
Outro desafio será conseguir a governabilidade que Lasso não conseguiu, pois Noboa terá de lidar com uma Assembleia Nacional em que o correísmo será novamente a principal força, embora não tenha maioria absoluta.