Seria bastante irresponsável se o presidente Lula, que também preside o Conselho de Segurança da ONU, adotasse uma postura pró-Israel no conflito com a Palestina. A via diplomática do Brasil sempre foi o da solução pacífica dos conflitos e do respeito a autodeterminação dos povos.
Além disso, Lula colocaria em xeque o seu próprio posto na ONU, correndo o risco de ser responsável por aprofundar ainda mais a guerra. Sendo assim, a postura neutra do chefe de estado brasileiro é correta, mas acima de tudo, responsável com os civis de ambos os lados.
Mas não é o que pensa o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, que criticou a postura de Lula na expectativa de que o Brasil entraria no bloco de países ocidentais que tomaram lado no conflito. Em entrevista a Veja, Zonshine pediu uma condenação inequívoca, sem ressalvas, por parte do Brasil.
“Como um país de relevância na arena internacional e atualmente exercendo a presidência do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil está diante de decisões difíceis, nem sempre populares. Esperamos que o Brasil lidere de maneira equilibrada e correta”, disse.
Ora, a postura quase imediata de Lula condenando o TERRORISMO do Hamas e ao mesmo tempo criticando a ocupação de Israel em território palestino, que consequentemente também causa o TERRORISMO, é mais do que equilibrada, é sensata para quem realmente quer buscar soluções pacíficas em vez de prosseguir e lucrar com a guerra.
“Recebemos declarações de apoio de países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Itália e Alemanha, condenando de forma mais enfática as ações do Hamas. É hora de agir com base na humanidade, deixando de lado política e ideologia”, prossegue.
Essa afirmação do embaixador é interessante, pois ele quer passar a imagem de que essa guerra é descontaminada da política, sendo que toda guerra é política. Talvez devemos questionar o embaixador qual o interesse político de Israel em ocupar a Faixa de Gaza por décadas. É justo lembrar que o próprio Hamas tem seu projeto político muito claro.
Para completar essa crítica respeitosa ao embaixador israelense, trago aqui a recente declaração do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reiterando a posição do governo brasileiro nesse conflito que, enquanto durar, só vai resultar em mais mortes de ambos os lados.
“Evidentemente que nós condenamos as violências, o derramamento de sangue, mas achamos que, sobretudo estando o Brasil na presidência do Conselho de Segurança (da ONU) neste mês, tem que trabalhar para que haja um entendimento, uma discussão”, disse Vieira durante sua viagem ao Camboja, em entrevista gravada para a Voz do Brasil, da EBC.