Não há como ignorar a relevância do Valor Econômico no que diz respeito ao jornalismo econômico e político. Como leitor e jornalista, por vezes busco informações mais apuradas sobre esses dois assuntos no site, por justamente reconhecer a qualidade das reportagens.
Mas justamente por ter esse reconhecimento que eu me sinto na obrigação de criticar quando leio algo totalmente desonesto. Numa reportagem publicada hoje, o Valor literalmente adotou uma narrativa terraplanista para defender que bilionário continue sonegando imposto no país.
A estratégia de confundir os leitores já começa no título: “Contribuintes sofrem derrotas bilionárias com volta do voto de qualidade do Carf“. Ora, primeiramente que quem deve bilhões não é o contribuinte comum, de baixa ou média renda, mas aquele que além de usar a estrutura econômica do estado para desenvolver seus negócios, não cumprem com seus compromissos tributários e praticam a sonegação.
Segundo, é lógico e evidente que o Valor tenta desqualificar o direito do atual governo em fazer o mínimo de justiça tributária e exercer o direito de cobrar aquilo que lhe é devido. Para tentar defender os grandes devedores, a reportagem usa como espantalho a Petrobras que recentemente perdeu uma ação na Câmara Superior do Carf, graças ao voto de qualidade, e terá que pagar aos cofres públicos cerca de R$6,5 bilhões em tributos.
Ora, seja no estado capitalista ou socialista, por exemplo, nenhuma estatal fica isenta de retornar ao estado o investimento injetado, seja pelo lucro e/ou pela tributação. Pelo contrário, a empresa pública tem de servir como exemplo no que diz respeito a ter seus impostos pagos em dia. Sendo assim, não há nenhuma razão lógica e honesta para deslegitimar a expectativa do governo em arrecadar R$54 bilhões em 2024 com o voto de qualidade.