O correspondente da Globo em Nova York, Guga Chacra, gerou um climão na emissora ao comentar uma questão óbvia sobre a greve dos metroviários em São Paulo. O comentário de Guga abalou o clima entre os comentaristas liberais da família Marinho.
“Nos EUA, uma nação capitalista, metrô é público. No Reino Unido, tb. Fazer greve faz parte do capitalismo. Veja a greve da indústria automobilística em Detroit neste momento e tb dos atores de Hollywood. Greve não existe na Coreia do Norte”, lembrou Chacra.
Ao longo de todo o dia de ontem, os jornalistas da Rede Globo defenderam o governador Tarcísio de Freitas por ter se posicionado contra o movimento legítimo dos trabalhadores. Vamos lembrar que a paralisação foi motivada pelo projeto de desmonte dos serviços públicos de transporte que o governo de extrema-direita de Tarcísio quer implantar. Logicamente, que toda essa estrutura seria entregue para a iniciativa privada.
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Logo pela manhã cedo, durante programa Bom Dia São Paulo, o jornalista Rodrigo Bocardi, disse que as privatizações no setor de transporte e da Sabesp eram propostas associadas a Tarcísio. “Ele sempre disse que isso iria acontecer ou pelo menos queria tentar aplicar e desenvolver”, declarou. “Essas pessoas defendem seus empregos ameaçando o emprego da população”, completou.
Já o comentarista de política, César Camarotti e a apresentadora Júlia Duailibi, também saíram em defesa do projeto privatista do governador bolsonarista. Mas a base da argumentação de Camarotti foi de baixo nível, pois basicamente disse que os trabalhadores estavam se opondo ao “projeto eleitoral vitorioso”.
Ora, somente numa ditadura que uma classe não pode se manifestar contra determinados projetos e ninguém é obrigado a aceitar goela a baixo tudo que o governante propôs só porque ele saiu vitorioso. Na verdade, isso não quer dizer nada. O governante moderno tem o dever de ouvir a população antes de investir em qualquer medida. Com a tecnologia cada dia mais presente, existem diversas formas de exercer essa cidadania. Além disso, a dupla de jornalistas soltou a fake news de que Tarcísio venceu na capital.
O que também chamou atenção foi o questionamento raso de Duailibi: “A questão é: essa greve é a melhor maneira de se fazer essa discussão?”. Primeiro, a greve é a única e legítima forma de mobilização dos trabalhadores que estão se sentindo ameaçados de perderem seus empregos. Segundo, um projeto privatista JAMAIS será questionado e combatido numa mesa de bar ou no gabinete. Portanto, esse é um questionamento vil, despolitizante e desonesto.