Uma matéria do Estadão veiculada nesta quarta-feira simplesmente alimentou o esgoto da extrema-direita e até serviu de combustível para a candidatura presidencial do extremista Javier Milei, na Argentina.
A reportagem diz que o presidente Lula interferiu no Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) para liberar um empréstimo de US$ 1 bilhão para a Argentina.
Além disso, o Estadão usou essa reportagem para espalhar a seguinte fake news: que a liberação desse dinheiro seria para ajudar o governo do presidente Alberto Fernández e o seu candidato, ex-ministro Sergio Massa, para derrotar o extremista Milei.
O economista e professor da UFMG, Pedro Faria, esclareceu que “banco é internacional e serve para esse tipo de empréstimos” e lembrou que “o dinheiro não é do Brasil”. Faria ainda alfinetou o Estadão ao declarar que “imprensa empresarial é a origem das fake news da extrema direita”.
Já o pesquisador Dawisson Belém classificou a reportagem do Estadão como “lamentável”. “Ao tentar transformar procedimento lícito e corriqueiro de um órgão multilateral em “atuação do Lula”, vocês corromperam a notícia. Pior do que publicar a peça sensacionalista é bater bumbo para o “sucesso” da fake news propagada pelo time do Estadão”, escreveu.
De qualquer forma, o extremista Javier Milei usou a notícia falsa do Estadão para atacar o presidente Lula e aproveitou para usar seu tosco slogan de campanha. “A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e com ações diretas contra mim e meu espaço. A liberdade avança! Viva a liberdade, caralho!”, postou Milei no X.
Por fim, a Secretaria de Comunicação do Governo Federal (Secom) emitiu nota para desmentir o jornal. “A decisão pelo empréstimo do CAF à Argentina foi aprovada em 28 de julho pela diretoria do banco formado pelos países membros. O empréstimo foi aprovado com 19 votos dos 21 possíveis. O Brasil possui um voto, enquanto outros cinco países (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) possuem dois votos”, diz a nota.