Um dos pontos que fez o empresário João Doria ganhar notoriedade política e se tornar prefeito e governador de São Paulo foi justamente a sua postura virulenta contra o Partido dos Trabalhadores. O antipetismo fez de Doria um aliado natural de Jair Bolsonaro na campanha de 2018, com direito a dobradinha “BolsoDoria”. Ainda naquele ano, Doria chegou a comemorar a prisão de Lula.
Mas ao longo dos anos, especialmente 2020 e 2021, o então tucano virou um dos principais alvos da extrema-direita e do próprio Bolsonaro por adotar medidas sanitárias durante a pandemia. Tanto é que enquanto governador de São Paulo, Doria se adiantou e foi o primeiro governante brasileiro a comprar as vacinas contra a Covid-19.
Mas apesar de toda exposição na mídia, o então tucano não conseguiu emplacar sua candidatura a presidência e acabou voltando para o mundo empresarial. Apesar da sua passagem meteórica na política, Doria nunca deu indícios de que pularia do barco direitista, até porque seus interesses não permitem tal movimento.
Contudo, o ex-governador tem dado um giro de 180 graus nos seus posicionamentos a respeito do presidente Lula. Na última entrevista que concedeu, ao Brazil Journal, o ex-tucano declarou que “bolsonarismo não acabou” e que o presidente Lula é o “único político capaz de pacificar o Brasil”.
“Com o mandato que tem para cumprir, com mais 3 anos e 2 meses, ele pode ser o grande agente pacificador do Brasil”, disse Doria. Ainda sobre o bolsonarismo, o empresário declarou que “ele ainda se manifesta, tem vida. É preciso ter compreensão e até respeito por esta circunstância”.
“Em relação a esta questão de divisão e confronto, há uma pessoa que pode reduzir sensivelmente esta visão de confronto e esta postura divisória do entre ‘nós e eles’ que é o presidente Lula, Luiz Inácio Lula da Silva”, prosseguiu.
“Ele tem toda a possibilidade de fazer isso. Buscar a inspiração de Nelson Mandela, ser uma pessoa que estenda a mão àqueles que já acusou, já venceu ou teve embates, para ter um exercício de grandeza, de alguém que quer governar para todos os brasileiros”, completou.
Para quem defendia o “nem Lula, nem Bolsonaro” com unhas e dentes, João Doria parece ter saído dessa zona cinzenta da famigerada terceira via. Ok, repensar certos posicionamentos e mudar de opinião faz parte da vida, mas levando em consideração o currículo político do dito cujo, me resta fazer a seguinte pergunta:
O que realmente João Doria quer com Lula?
Gil Carlos Teixeira
03/10/2023 - 14h20
Na Forum, há alguns meses saiu uma matéria sobre estar vetada a participação de expoentes do governo nos eventos da Lide, parece que aquele primeiro “arrependimento” de dias atrás não foi suficiente…
https://revistaforum.com.br/politica/2023/7/21/motivo-pelo-qual-lula-no-quer-ministros-em-eventos-de-joo-doria-139855.html