Ministros do Supremo Tribunal Federal, consultados pelo blog da Andreia Sadi, acreditam que André Mendonça atuou em favor do movimento bolsonarista ao solicitar a realização presencial no plenário do julgamento de dois acusados dos eventos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.
A análise desses cinco réus estava em andamento no sistema de plenário virtual e, de acordo com as regras desse sistema, deveria ser finalizada até as 23h59 de segunda-feira (2). No domingo anterior (1º), já havia obtido maioria para a condenação de todos eles.
Antes do prazo expirar, contudo, o Ministro André Mendonça solicitou a transferência do julgamento de dois dos réus para o plenário presencial. Agora, com o pedido de destaque, os ministros terão que apresentar novamente, pessoalmente, os votos nos dois casos.
Três ministros do STF, que preferiram não se identificar, avaliaram que essa decisão representa uma tentativa de estabelecer uma “posição” e de responder ao bolsonarismo. Há preocupações de que a conclusão dos julgamentos dos acusados possa levar o tribunal a investigar os responsáveis intelectuais por trás da tentativa de golpe de 8 de janeiro, o que incluiria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“É serviço, porque na verdade estão vendo nisso o desdobramento que é o fim da história: está faltando alguém”, disse um ministro do STF ao G1. “Então, pedindo mais tempo, ele evita acelerar o julgamento e o desfecho”.
Outro membro do Supremo afirmou que é altamente improvável que a transferência do julgamento para o plenário presencial influencie algum ministro a modificar o seu voto.
André Mendonça explicou que solicitou a votação no plenário presencial devido a peculiaridades e circunstâncias específicas dos processos em questão, que justificavam uma “análise síncrona” por parte dos ministros.
“Não acredito que algum Ministro pense que eu tenha atuado além do interesse na Justiça. Somente alguém com extrema má-fé pensaria diferente”, completou.