O Planalto deu diretrizes aos seus principais representantes no Congresso para evitar qualquer conflito com militares da ativa, em decorrência da delação fornecida pelo tenente-coronel Mauro César Cid. Essas orientações desempenharam um papel crucial na desativação dos esforços na CPMI de 8 de janeiro para convocar o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e outros membros das Forças Armadas. Com informações do Metrópoles.
O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro compartilhou, em delação premiada, que Almir Garnier teria manifestado ao ex-presidente seu apoio a uma possível intervenção militar.
O Ministério da Defesa e os líderes das três Forças Armadas manifestaram o interesse em uma investigação completa e na responsabilização daqueles que tenham apoiado qualquer tentativa de golpe por parte de Bolsonaro. No entanto, nos bastidores, há um considerável receio quanto ao impacto que essas investigações podem ter sobre membros em serviço ativo das Forças.
Na última segunda-feira (25), como foi divulgado pelo jornalista Octavio Guedes, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, teve uma reunião com o ministro da Defesa, José Múcio, bem como com os comandantes do Exército, Tomás Paiva, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno. O assunto em pauta foi a CPMI de 8 de Janeiro e as possíveis convocações em decorrência das informações fornecidas na delação de Cid.
Durante essa conversa, o General Tomás Paiva manifestou sua preocupação com a exposição pública de generais, incluindo o ex-comandante Militar do Planalto, Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que foi alvo de insultos em seu depoimento por parte do bolsonarista Jorge Seif.
Todos os participantes concordaram que havia evidências suficientes para justificar a convocação de Almir Garnier a fim de prestar esclarecimentos, e que isso seria praticamente inevitável, mesmo diante do silêncio do almirante. No entanto, Randolfe explicou que talvez nem seja necessário convocar Garnier, já que a CPMI estava prestes a ser desmobilizada. Apesar das declarações de promover transparência, a notícia foi bem recebida.
Avaliação
Lula interpreta que uma crise envolvendo generais, almirantes e brigadeiros das Forças Armadas em serviço ativo que possam ter demonstrado apoio a um golpe liderado por Bolsonaro seria inconveniente e poderia prejudicar mais do que ajudar o governo. No entanto, isso não significa que as tendências golpistas dentro das Forças Armadas devam ser ignoradas.
O presidente deseja que, caso haja necessidade de responsabilização daqueles militares que tenham cometido erros, essa atribuição seja entregue ao Supremo Tribunal Federal, sem envolvimento direto do governo ou de políticos da base aliada.
“Diante da clareza de que o STF está decidido a punir quem de direito, até mesmo generais, almirantes ou brigadeiros, não tem por que o governo puxar essa crise para seu colo. Seria uma crise inconveniente”, disse um senador aliado de Lula ao Metrópoles.