A desfaçatez da Folha em defender Bolsonaro

REPRODUÇÃO

Parece que para alguns setores da nossa mídia, não existe a obrigação ética de ter respeito com os leitores e muito menos com a honestidade intelectual. Falo isso porque iniciamos a primeira semana de outubro com a Folha praticamente defendendo Jair Bolsonaro e fazendo uma comparação rídicula com a perseguição sofrida pelo presidente Lula durante os anos de chumbo da Lava Jato.

Na reportagem, o jornal alega que os métodos de extinta força tarefa que foram alvo de críticas e questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) estão sendo desenterrados nas investigações contra Bolsonaro e aliados.

Até onde nós sabemos, o ex-presidente não tem sido alvo de assédio ou perseguição judicial. Pelo contrário, Bolsonaro anda tranquilamente pelas ruas sem nenhum tipo de constrangimento, concede entrevistas e não foi alvo de nenhuma ordem de prisão ilegal. Seus advogados não estão sendo descredibilizados ou hostilizados como o então advogado Cristiano Zanin foi quando assumiu a defesa de Lula.

Outro ponto muito questionável é quando a reportagem insinua que a própria Suprema Corte e outras instâncias do Judiciário estão ressuscitando os métodos lavajatistas para atingir Bolsonaro, que nos últimos meses tem sido alvo de inquéritos por suspeitas de diversos crimes.

Para tentar sustentar tal argumento, a Folha cita que um dos métodos que voltou a ganhar destaque é a delação premiada. Ora, a delação premiada pode e deve ser alvo de críticas construtivas, mas sabemos que esse método foi usado pela Lava Jato de forma totalmente deturpada, que tinha como objetivo vazar informações na mídia, sem nenhum tipo de compromisso em checar as informações, como a PF está fazendo atualmente com a delação de Mauro Cid, respeitando todo o processo legal.

Vale lembrar que na Lava Jato a delação premiada também tinha um propósito econômico, pois era usada como contrapartida para que o investigado pudesse recuperar seus ativos e bens que foram bloqueados na operação.

E por muitas vezes, diga-se de passagem, a origem desses recursos eram duvidosas, mas o que importava para a força tarefa era o linchamento midiático contra seus principais alvos, especialmente políticos. Enfim, a reportagem não traz elementos concretos que possam colaborar com sua tese, dando a impressão que a matéria não passa de uma assessoria de péssimo gosto.

 

Gabriel Barbosa: Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.