FUP celebra 70 anos da Petrobrás, atenta para o futuro da empresa 

Para petroleiros, a campanha “O Brasil é a Nossa Energia”, lançada pela estatal, indica que a maior empresa do Brasil volta a fazer parte do projeto de desenvolvimento do país, com foco também na transição energética

“A Petrobrás completa 70 anos no próximo dia 3 de outubro com visão de futuro, mostrando disposição de voltar a ser uma empresa de energia, integrada, indutora do desenvolvimento econômico e social do país, comprometida com a sociedade brasileira, com os trabalhadores, e com a transição energética justa”. A opinião é do coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, atento ao futuro da companhia.

Segundo ele, nesse processo de resgate da atuação da maior empresa do país os desafios são enormes e começam pela reconstrução da Petrobrás que nos últimos quatro anos, durante o governo Bolsonaro, teve reduzido seu tamanho e vigor, por meio de agressivo programa de privatização, sem transparência, e com o encolhimento de investimentos. 

“O desmonte da empresa só não foi maior devido à resistência da sociedade brasileira, dos movimentos sociais, da força de organização e de luta dos petroleiros representados pela FUP, a maior federação sindical da categoria do país, que reúne treze sindicatos”, destaca Bacelar.

Essas forças estarão reunidas em grande ato nacional, no próximo dia 3, no Rio de Janeiro, organizado pela FUP e Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), em defesa das empresas estatais, pela reversão das privatizações e reconstrução de um Brasil  democrático e com justiça social.   

Para a FUP, as perspectivas de futuro da Petrobrás são grandes e promissoras. “Este ano, quando a Petrobrás completa sete décadas de existência, é o momento de renovar a esperança de um país inteiro pela reconstrução do Estado brasileiro, fortalecimento das estatais e pelo resgate da soberania nacional”, diz o dirigente sindical, antecipando que a federação se mantém alerta e pronta para monitorar e cobrar resultados prometidos pela nova gestão da estatal.

A Petrobrás, uma das maiores petrolíferas do mundo, tem que retomar seu papel estratégico, sua capacidade de investimento e de geração de emprego e renda.

“A companhia, no começo dos anos 2000, nos governos do PT, teve amplo crescimento de sua participação no Produto Interno Bruto (PIB), um grande desenvolvimento tecnológico que permitiu a exploração e produção no pré-sal brasileiro e resultou no maior plano de investimentos da história do Brasil com média de inversões anuais de cerca de R$ 173 bilhões”, lembra Bacelar.

Nos governos Temer e Bolsonaro, porém, o investimento da empresa caiu cerca de três vezes esse volume médio, ficando entre R$ 49 bilhões e R$ 50 bilhões ao ano, segundo cálculos do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). A Petrobrás caminhava para se tornar exclusivamente produtora e exportadora de petróleo bruto.

É hora de recuperar o tempo perdido e avançar. A nova gestão da Petrobrás dá indicativos de que está no caminho certo. Conforme anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Petrobrás, sob o comando de Jean Paul Prates, terá 47 projetos incluídos no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os investimentos da empresa no PAC 2023 somam R$ 323 bilhões.

Os petroleiros estão com a atenção voltada também para o Plano Estratégico (PE) 2024-2028 da Petrobrás, a ser anunciado em novembro próximo.

A preocupação da empresa com a sustentabilidade ambiental ganhou peso no PE 2023-2027, com a criação de um fundo de descarbonização que poderá ser ampliado no novo Plano. A produção de derivados petroquímicos, fertilizantes e combustíveis com menor pegada de carbono ou de origem inteiramente renovável também está prevista.

Tanto que a atual gestão da Petrobrás criou a Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, com duas gerências executivas: “Gás e Energia” e “Mudança Climática e Descarbonização”. E pretende voltar a atuar em energias limpas, como no setor eólico. 

Bacelar frisa, no entanto, que a transição energética tem que ocorrer com a participação e protagonismo dos trabalhadores: “Na transição energética justa os trabalhadores devem ser prioridade, contemplados com programas de treinamento e capacitação profissional adequados à nova realidade e compatíveis com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)”.   

Desde que Prates assumiu a Petrobrás, diversas ações dos governos anteriores foram revistas e abolidas, como o cancelamento da venda de ativos estratégicos e o fim do Preço de Paridade de Importação (PPI), implementado por Temer em 2016, dando lugar a uma nova forma de cálculo, que leva em consideração os custos nacionais de produção.

A nova gestão da empresa promete ampliar a capacidade de refino do país – reivindicação antiga da FUP -, reduzindo a dependência de importações de combustíveis, e prevê a retomada do setor de fertilizantes. A reindustrialização do país passa também pelo crescimento da construção naval brasileira, com encomendas da Petrobrás colocadas no mercado interno.

A FUP tem intensa agenda de trabalho nesta nova etapa de reconstrução da Petrobrás, mantendo, com urgência, a luta pela retomada de ativos da empresa que foram vendidos a preço de liquidação, subavaliados.

Nesse sentido, a Federação e seus sindicatos têm ações na Justiça, no Ministério Público Federal, no Tribunal de Contas da União e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na tentativa legal e legítima de reaver empresas privatizadas na gestão anterior.

No campo de batalha dos petroleiros também estão iniciativas que visam anular o Termo de Compromisso de Cessação (TCC) assinado entre Petrobrás e o Cade, em 2016, no governo Temer, que previa a venda de oito refinarias da empresa.

Bacelar lembra que as estatais têm função social, um papel que vai além da obtenção de lucro: “A Petrobrás tem o papel de gerar emprego e renda, de desenvolver a região onde está instalada, levando investimentos a lugares remotos, onde empresas privadas não costumam atender”. 

A história da FUP, criada em 1994, é de luta e resistência. Em  maio de 1995, um ano após sua criação, houve a maior greve da história da categoria petroleira contra  o projeto do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que visava acabar com o monopólio da Petrobrás.

O movimento durou 32 dias e teve mais de 90% de adesão da categoria. Em 2020, os petroleiros realizaram a segunda maior greve da história, ocupando o edifício sede da Petrobrás (Edise) por 20 dias, no Rio de Janeiro.

Se a Petrobrás hoje é uma das maiores petrolíferas do mundo, é porque homens e mulheres trabalham há 70 anos para que ela tenha chegado a esse nível de importância nacional e internacional.

Ao longo de sua história, a estatal impulsionou o desenvolvimento do país, investiu em pesquisa, inovação e desenvolvimento, e foi pioneira na exploração de petróleo em águas profundas. A Petrobrás segue sendo a maior estatal do Brasil e uma das maiores do mundo. Mais 70 anos virão.

Confira marcos na história da Petrobrás e da categoria petroleira

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