Instituto reajusta crescimento do PIB para 3,3%
Nesta sexta-feira, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou uma análise detalhada sobre o desempenho da economia brasileira para o terceiro trimestre de 2023. O Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), que é a unidade dentro do Ipea responsável por estudos macroeconômicos, revisou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2023. A estimativa foi elevada de 2,3% para 3,3%, enquanto a previsão para 2024 se manteve em 2,0%.
Internamente, políticas governamentais de transferência de renda e valorização do salário mínimo têm sustentado a renda das famílias brasileiras. Isso tem dinamizado o consumo e a demanda por serviços, um setor conhecido por ser um grande gerador de empregos. O orçamento familiar tem encontrado algum alívio devido à descompressão das taxas de inflação e medidas de renegociação de dívidas para famílias de baixa renda, como é o caso do programa Desenrola Brasil. A política fiscal também tem permitido a expansão dos serviços públicos essenciais, contribuindo para o aumento do consumo governamental.
No cenário internacional, a reabertura econômica da China, após o país ter se fechado devido à pandemia de COVID-19, e o dinamismo da economia norte-americana têm sido fatores de impulso. Além disso, o Brasil tem ganhado terreno no comércio internacional de commodities como soja e petróleo, mercados anteriormente atendidos por outros concorrentes.
As previsões da Dimac para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram reduzidas de 5,1% para 4,8%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também foi revisado para baixo, de 4,9% para 4,5%. Em relação à política monetária, o relatório sugere que o ciclo de flexibilização iniciado em agosto de 2023 deverá levar a uma redução gradual da meta da taxa Selic.
No entanto, há elementos que geram incertezas. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), especialmente em máquinas e equipamentos, tem exercido pressão negativa sobre a demanda interna. Os investimentos em construção, apesar de estarem em trajetória ascendente, enfrentam o desafio das altas taxas de juros no crédito imobiliário. A indústria de transformação também mostra um quadro de estagnação, com queda de 1,3% no primeiro semestre do ano.
O relatório conclui com um alerta do Grupo de Conjuntura da Dimac, ressaltando que as projeções estão sujeitas a riscos e incertezas, incluindo fatores climáticos, instabilidades geopolíticas e o cenário político-econômico interno e externo.