Lira ameaça e pressiona o governo

Foto: Agência Brasil

Incomodado e com sede de mais indicações do Centrão para cargos na Caixa Econômica Federal, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), resolveu suspender as reuniões do plenário da Câmara para esta semana e informou aos líderes parlamentares que a Casa estava em um estado de obstrução. No final da tarde desta quarta-feira (27), após se reunir com representantes dos diversos partidos, foi agendada a votação de, pelo menos, dois projetos para a noite.

Segundo a apuração do Globo, a tensão causada após o governo recuar nas negociações relacionadas à Caixa não foi o único obstáculo enfrentado na Câmara. Na quarta-feira, membros da bancada ruralista e membros da oposição (golpistas) anunciaram a interrupção dos trabalhos como forma de protesto contra algumas decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF).

As decisões que motivaram a insatisfação foi a rejeição, do STF, do conceito de marco temporal para a demarcação de terras indígenas, bem como com a análise em curso da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

Em uma mensagem de áudio enviada aos líderes, Lira comunicou que a Câmara estava em um estado de “obstrução”, indicando que não haveria votações. Entretanto, a situação mudou após a reunião entre os líderes parlamentares.

Agora, a Câmara planeja votar uma Medida Provisória de interesse desta mesma bancada de golpistas, o projeto destina um crédito extraordinário de R$ 200 milhões para o Ministério da Agricultura. Além disso, há a tentativa de analisar um projeto de lei que trata das cotas para produção cinematográfica.

A sede do Centrão

As discussões para realizar uma mudança na liderança da Caixa tem causado desconforto nas relações entre Arthur Lira e o presidente Lula. O presidente chegou a afirmar na última segunda-feira que, “por enquanto, não está disposto a mexer em nada”.

A declaração de Lula ocorreu uma semana após Arthur Lira afirmar, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, que já havia alcançado um acordo para realizar alterações na liderança da Caixa Econômica Federal, bem como nas vice-presidências da instituição.

As negociações causaram uma reação negativa dentro do legislativo. Mesmo membros do Centrão consideraram que Arthur Lira agiu de maneira apressada ao discutir publicamente a questão da Caixa em uma entrevista antes que a mudança fosse oficialmente concretizada.

Mesmo diante disso, a percepção é de que o governo eventualmente atenderá ao pedido de Arthur Lira, mas isso não acontecerá de maneira imediata. Membros do governo admitem que ainda não há uma decisão concreta sobre o assunto.

Além da liderança do banco, há também discordância em relação às vice-presidências. Arthur Lira deseja substituir a vice-presidência de habitação, atualmente ocupada por Inês Magalhães, indicada pelo PT, por um nome indicado por Antonio Rueda, vice-presidente do União Brasil, e pelo deputado Fernando Marangoni, do União-SP. Além disso, ele busca mudar a vice-presidência de governo, que é ocupada por Marcelo Bomfim e que tem proximidade com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD de Minas Gerais.

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