O Banco Central aumentou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano de 2% para 2,9% devido ao desempenho da economia brasileira nos primeiros dois trimestres, conforme indicado pelas estimativas divulgadas hoje pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) nesta quinta-feira (28).
“A revisão decorre da elevada surpresa positiva no segundo trimestre e, em menor medida, de previsões ligeiramente mais favoráveis para a evolução da indústria, de serviços e do consumo das famílias no segundo semestre”, mostra o documento.
Em junho deste ano, Lula disse ainda estar convencido de que o Produto Interno Bruto deve superar as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), de crescimento de 0,9%. A razão, segundo ele, são as políticas do governo para que o dinheiro volte a circular na mão da população.
“Nós vamos crescer acima de 2%, de 2,5%, e se acontecer o que eu estou pensando, podemos até crescer um pouco mais, porque a primeira coisa que nós fizemos foi retomar todas as políticas sociais que estavam funcionando corretamente. Ou seja, políticas sociais que vão irrigando dinheiro na base deste país, para o pequeno produtor, para o pequeno empreendedor, para as pessoas do Bolsa Família, para as pessoas que estão na Previdência Social esperando na fila para se aposentar. Ou seja, esse dinheiro começou a voltar, inclusive voltar o dinheiro para a cultura”, disse o presidente em entrevista a rádios de Goiás.
Do ponto de vista da oferta, o Banco Central explicou que a revisão positiva da projeção do PIB se deve principalmente ao aumento nas estimativas para o setor agropecuário, que passaram de 10% para 13%.
Isso ocorreu devido a melhorias nas previsões de colheita de soja, milho e cana-de-açúcar, além de um crescimento maior do que o esperado no abate de animais durante o primeiro semestre. No entanto, ainda é prevista uma desaceleração desse setor ao longo do segundo semestre.
“Apesar da contribuição bastante positiva da agropecuária para o resultado do PIB no ano, o setor deve contribuir negativamente para as variações trimestrais do PIB ao longo do segundo semestre, sobretudo no terceiro trimestre, visto que a maior parte da colheita dos produtos com os maiores crescimentos anuais ocorreu na primeira metade do ano”, disse o RTI.
No que diz respeito à indústria, a previsão foi ajustada de 0,7% para 2%, impulsionada por melhorias nas projeções para o setor da construção. Por outro lado, no segmento de serviços, que é responsável por 70% da produção nacional, a estimativa de crescimento foi revisada de 1,6% para 2,1%. Essa melhora abrange todas as atividades do setor, exceto o comércio, que ainda é significativamente influenciado pelo desempenho da indústria de transformação.
A estimativa de crescimento nas exportações para o ano de 2023 também foi ajustada, passando de 3,7% para 6,7%, devido a previsões mais otimistas sobre o envio de produtos agropecuários e da indústria extrativa. Em contrapartida, a previsão para as importações permanece inalterada em comparação com o ano de 2022.
Para o ano de 2024, está sendo previsto um crescimento de 1,8% na economia do país. Essa estimativa considera o progresso esperado nos setores de agropecuária (+1,5%), indústria (+2%) e serviços (+1,8%). O documento prevê que a expectativa de um aumento mais moderado na agropecuária em 2024 é influenciada pela alta base de comparação estabelecida em 2023, que foi um ano de safra recorde de grãos.
Consumo domético
A revisão realizada pelo Banco Central também leva em conta um aumento nas previsões para o consumo das famílias e do governo, juntamente com uma redução na estimativa para o desempenho da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
Além disso, a elevação da renda das famílias durante o segundo trimestre, impulsionada pelo crescimento dos rendimentos provenientes do trabalho e dos benefícios sociais, bem como a diminuição da taxa de poupança dos consumidores, são destacados como fatores que contribuíram para essa revisão positiva.
No entanto, para os próximos meses, espera-se uma moderação no aumento da renda das famílias, com uma menor contribuição dos benefícios sociais. Simultaneamente, o Banco Central está adotando uma abordagem cautelosa ao observar o crescimento nos pagamentos líquidos das famílias às instituições financeiras e monitorando de perto os níveis de endividamento.
“Diante desse cenário, espera-se que o consumo das famílias continue avançando no segundo semestre, porém em menor ritmo do que o observado no primeiro”, estima o Banco Central.