Rússia e EUA se atacam em meio a crise de Nagorno-Karabakh

(Foto: FRANCESCO BREMBATI)

Reuters – A crise em Nagorno-Karabakh tem gerado tensões entre Rússia e Estados Unidos, com ambos os países acusando-se mutuamente de desestabilizar a região do Sul do Cáucaso. Milhares de armênios étnicos fugiram de suas casas em Nagorno-Karabakh, temendo uma suposta limpeza étnica. Apesar da parceria de segurança entre Armênia e Rússia desde o colapso da União Soviética, as relações entre os dois países se deterioraram consideravelmente após o início da operação militar especial russa na Ucrânia em 2022.

“Instamos Washington a se abster de palavras e ações extremamente perigosas que levam a um aumento artificial do sentimento antirrusso na Armênia”, disse Anatoly Antonov, embaixador russo nos Estados Unidos, em um comunicado pelo aplicativo de mensagens Telegram.

O comentário de Antonov na terça-feira (26) foi feito na esteira das declarações no dia anterior de um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, depois que a Armênia culpou Moscou por não intervir na captura de Nagorno-Karabakh pelas forças do Azerbaijão na semana passada.

“Acredito que a Rússia mostrou que não é um parceiro de segurança confiável”, disse Matthew Miller, o porta-voz, aos repórteres.

Milhares de armênios étnicos fugiram da região separatista de Nagorno-Karabakh na segunda-feira, depois que seus combatentes foram derrotados em uma operação militar relâmpago pelo Azerbaijão na semana passada.

Baku prometeu proteger os direitos dos cerca de 120.000 armênios que consideram Karabakh seu lar, mas poucos aceitam suas garantias. O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, culpou a Rússia por não garantir a segurança armênia.

A partida em massa ocorreu em meio a confusão e medo. Mais de 200 pessoas ficaram feridas em uma explosão em um depósito de armazenamento de gás em uma estrada fora da capital de Karabakh, conhecida como Stepanakert pela Armênia e Khankendi pelo Azerbaijão, informou a mídia local na segunda-feira.

Washington e alguns aliados ocidentais condenaram as hostilidades azeris, que mudaram os contornos do Sul do Cáucaso, uma colcha de retalhos de etnias atravessada por oleodutos e gasodutos, onde Rússia, Estados Unidos, Turquia e Irã disputam influência.

Moscou afirmou que a Armênia é culpada pela vitória do Azerbaijão sobre Karabakh, pois flertou com o Ocidente em vez de trabalhar com Moscou e Baku pela paz.

Na segunda-feira, altos funcionários dos EUA chegaram à Armênia, fazendo a primeira visita desse tipo desde que os armênios de Karabakh foram forçados a um cessar-fogo na semana passada.

De 1988 a 1994, cerca de 30.000 pessoas foram mortas e mais de um milhão, principalmente azeris étnicos, foram deslocados quando os armênios se livraram do controle nominal do Azerbaijão naquilo que hoje é conhecido como a Primeira Guerra de Karabakh.

O Azerbaijão recuperou territórios em Nagorno-Karabakh e ao redor em uma segunda guerra em 2020, que terminou com um acordo de paz intermediado por Moscou e com o envio de pacificadores russos.

A Turquia, que apoiou o Azerbaijão com armamentos no conflito de 2020, disse na semana passada que apoiava os objetivos da mais recente operação militar do Azerbaijão, mas não teve participação direta.

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