A perseguição contra o presidente Lula persistiu até mesmo na véspera do 1º turno da eleição presidencial do ano passado. Isso porque o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), então comandado pelo general Augusto Heleno, fez uma espionagem minuciosa contra o líder progressista e seus familiares. A informação é da jornalista Mônica Bergamo, na Folha.
O dossiê foi enviado para o email do coronel Wanderli Baptista da Silva Júnior. Durante o Governo de Jair Bolsonaro, o militar ocupou o cargo de diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI. Wanderli foi exonerado do posto após envolvimento com golpistas durante os atos terroristas do 8 de janeiro, em Brasília.
A desculpa que o GSI deu foi a que essa “investigação” faz parte do planejamento de segurança para o potencial presidente eleito. Ainda em sua justificativa, o órgão diz que leva até mesmo em consideração as estimativas de vitória apontadas nas pesquisas eleitorais. Na minha opinião, é conversa pra boi dormir, pois o GSI não demonstrou que existe precedentes dessa verdadeira espionagem com outros presidentes eleitos.
“Em setembro de 2022, o presidente Lula despontava como um dos candidatos favoritos para vencer o pleito. Nesse sentido, o GSI trabalhou com a possibilidade de sua eleição, levantando antecipadamente os dados necessários para garantir a sua segurança e a de seus familiares”, alegou o GSI.
Ainda de acordo com a reportagem de Bergamo, o documento foi compartilhado internamente no dia 29 de setembro do ano passado, 72 horas antes do 1º turno do pleito. O responsável por enviar esse e-mail foi o coronel Artur Santos, atual coordenador-geral da Secretaria de Segurança Presidencial.
O documento também anexou diversos relatórios produzidos pelo próprio GSI entre 2003 e 2008, período que corresponde aos dois primeiros mandatos do presidente Lula, e que inclui um organograma com imagens do petista, da então primeira-dama Marisa Letícia, dos filhos, noras, genros e netos do casal.
Informações sobre endereços, cônjuges, namoradas, veículos e hábitos dos filhos do chefe de estado, como Lurian, Fábio Luís, Luís Cláudio, Marcos Cláudio e Sandro Luís, também fazem parte dessa espionagem. Vale ressaltar que a maioria dessas informações são datadas e não foram atualizadas. Um exemplo é a menção a uma lan house frequentada por Luís Cláudio.