O General Tomás Paiva, que assumiu o comando das Forças Armadas em decorrência dos eventos golpistas ocorridos em 8 de janeiro, em substituição a Júlio César de Arruda, emitiu sua primeira declaração após a divulgação de um trecho da delação do Tenente-Coronel Mauro Cid. Essa delação trouxe à tona detalhes sobre a tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de envolver a alta cúpula militar em um plano de golpe de Estado, logo após sua derrota nas urnas para Lula.
Conforme relatado por Mauro Cid, Bolsonaro se reuniu com os principais líderes das Forças Armadas, buscando o apoio dos militares para um possível golpe de Estado. Durante essa reunião, o presidente apresentou uma minuta que contemplava a prisão de seus oponentes políticos.
Alegou-se ainda que o então Comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier Santos, teria oferecido o apoio das tropas para a execução desse plano. Entretanto, o Comando do Exército e o Alto Comando das Forças Armadas não aderiram às ideias golpistas.
Na época em que era o Comandante do Exército, o General Marco Antônio Freire Gomes teria feito uma ameaça direta a Bolsonaro, declarando: “Se o senhor prosseguir com esse plano, serei obrigado a prendê-lo.”
De acordo com a reportagem de Maria Cristina Fernandes no Valor, o General Marco Antônio Freire Gomes estava ciente de que não havia apoio suficiente dentro do Exército para qualquer tentativa de golpe. Ele tinha conhecimento de que os comandantes das regiões Sul (Fernando Soares), Sudeste (Thomaz Paiva), Leste (André Novaes) e Nordeste (Richard Nunes) não respaldariam qualquer iniciativa golpista de Jair Bolsonaro.
Além disso, o General Freire Gomes estava consciente de que um golpe liderado por Bolsonaro não contaria com o apoio dos Estados Unidos, especialmente sob a administração de Joe Biden, tanto por parte de militares quanto de civis. Relatos indicam que seis delegações dos Estados Unidos teriam visitado o Brasil em 2022 para comunicar essa posição a Bolsonaro e às Forças Armadas.
Em relação ao General Tomás Paiva, em entrevista a Igor Gadelha do Portal Metrópoles, ele afirmou que não teve acesso à delação de Mauro Cid, mas destacou que o militar deve responder ao inquérito criminal, que foi determinado por Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), antes de ser tomada qualquer ação administrativa no Exército contra ele. Paiva ressaltou que, de acordo com a lei, em caso de sobreposição de ações judiciais com ações administrativas, as ações judiciais têm prioridade.
Sobre a trama golpista supostamente envolvendo Bolsonaro e a cúpula das Forças Armadas, Tomás Paiva foi sucinto ao afirmar que “o Exército cumpriu a lei” ao assegurar a posse de Lula. Ele destacou que garantir a posse do presidente eleito em 1º de janeiro era um dever constitucional e foi realizado por meio da Coordenação de Segurança de Área, sob responsabilidade do Comandante da 3ª Brigada de Infantaria Motorizada de Cristalina (GO).
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