General Heleno nega presença de Mauro Cid em reuniões estratégicas, mas foto contradiz
Ex-ministro do GSI, Augusto Heleno, afirma que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões com comandantes das Forças Armadas, mas imagem do governo mostra o contrário.
O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sob o governo de Jair Bolsonaro, negou que o tenente-coronel Mauro Cid estivesse presente em reuniões entre o presidente e os comandantes das Forças Armadas. “Isso é fantasia”, afirmou Heleno.
No entanto, uma foto publicada na rede social X, ex-Twitter, pelo perfil Desmentindo Bolsonaro, contradiz a declaração do general. A imagem, que também consta no perfil oficial do Palácio do Planalto no site de imagens Flicker, mostra Bolsonaro em uma reunião intitulada “Reunião com Ministro da Defesa e Comandantes das Forças Armadas”, datada de 25 de fevereiro de 2019. Além de Bolsonaro e dos comandantes militares, a foto mostra o General Heleno ao lado do então presidente e, logo atrás dele, Mauro Cid.
A legenda da foto detalha os participantes, incluindo Mauro Cid, contradizendo a afirmação de Heleno de que o tenente-coronel não participava dessas reuniões estratégicas.
José de Souza
27/09/2023 - 08h59
Um dos melhores intérpretes do caráter do brasileiro foi, sem dúvida alguma, o dramaturgo Nelson Rodrigues. Os depoimentos e declarações recentes dos militares é a maior prova disso.
Tudo nos remete a um dos diálogos da peça “Boca de Ouro”:
“-Ouve só: quando eu era mocinho, estava, uma vez, com uma mulher, no quarto!(…)— Mas escuta: eu estava no quarto com uma mulher e, nisso, chega o marido com a polícia. Em conclusão, arrombam a porta. A mulher, nuazinha, negou até o fim. Sabe que o marido ficou na dúvida, o comissário ficou na dúvida e até eu fiquei na dúvida? Meu anjo, da próxima vez, nega, o golpe é negar!”
Da mesma maneira, de uma ora para outra, todos os militares golpistas (perdão pelo pleonasmo) passaram a se declarar legalistas…Histórias nitidamente fantasiosas, como a de ameaçar o ex-presidente de prisão, são divulgadas com a maior naturalidade. Tudo para fomentar dúvidas sobre conclusões que são mais do que óbvias.
Essa prática vem de longe. No dia seguinte ao atentado ao Riocentro, um coronel reproduziu um diálogo entre o sargento e o capitão terrorista momentos antes da bomba explodir no colo de um deles. Tudo para endossar a tese esdrúxula que dizia que os militares é que foram as vítimas. Para os traidores da ordem ordem democrática, “o golpe é negar”, bem escreveu o dramaturgo.
Portanto, agora a história se repete. No caso atual, trata-se de negar o próprio golpismo, sabidamente entranhado no DNA das instituições militares. E com requintes de cinismo: do nada, posam de salvadores da ordem democrática.
O tempo passa, os cafajestes são outros, porém os uniformes são os mesmos.
A maior ironia dessa história toda é saber que os militares foram dissuadidos pelo mesmo “Brother Sam” que, no passado, os apoiou na ruptura democrática em nosso país. Como se diz, a terra não gira, capota.
Zulu
26/09/2023 - 14h51
Ninguém grava ou tira fotos em reuniões estratégicas onde se discutem assuntos internos…idiotas.