A crítica legítima do MST sobre a desatenção do governo Lula

RICARDO STUCKERT

Um dos movimentos que mais influenciou na vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022, o MST demonstra insatisfação com a lentidão do Governo Federal em atender as pautas prioritárias que foram prometidas na campanha de Lula.

Um dos membros da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues, disse a Folha que o movimento está perdendo a paciência com a paralísia na aquisição de alimentos pela Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, recriada no começo do ano pelo próprio presidente Lula.

De acordo com o coordenador, até agora o governo não comprou “um quilo” de alimento produzido pela agricultura familiar. “Até agora o governo não comprou um quilo de alimento da agricultura familiar dentro do PAA [Programa de Aquisição de Alimentos]. As famílias se preparam para isso, plantam com essa expectativa. A insatisfação é grande”, disse.

É importante lembrar sobre a importância de programas como o PPA para garantir renda aos pequenos/médios e evitar que a agricultura brasileira fique centrada somente nos grandes produtores. A balança precisa se equilibrar para que a economia volte a girar.

Além da questão ecônomica, o PPA também atende a demandas sociais pois os alimentos fornecidos pela agricultura familiar vão parar na mesa de entidades filantrópicas, hospitais, asilos, órgãos públicos e, se houver pensamento estratégico, até mesmo pode parar nas escolas e universidades federais.

Mas voltando ao MST, a estimativa era que a volta do PPA pudesse gerar um incremente do R$1,1 bilhão por parte do governo. Mas segundo o próprio João Paulo, até o momento só foi liberado R$250 milhões. “E mesmo esse valor menor parece que se perdeu na burocracia”, declarou.

Outro motivo de reclamação é o ritmo no processo de assentamentos. A demanda do movimento era de 50 mil neste ano, a um custo de R$ 2,85 bi. Mas segundo Rodrigues, o governo não fez nada até o momento, correndo risco de ser alvo de protestos em todo o país.

“Minha preocupação é que em algum momento as famílias comecem a fazer uma reclamação nacional, indo para a estrada, parando rodovias, por exemplo. Não está prevista no momento uma jornada de ocupações, mas já há uma reclamação de que precisaremos de cinco mandatos do Lula para concluir o processo de reforma agrária”.

Gabriel Barbosa: Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb
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