Zelenskyy junta-se à ovação do Parlamento canadense ao veterano de 98 anos que lutou com os nazistas
O
homem fazia parte da SS Galichina, uma unidade cuja história foi encoberta por grupos de veteranos no Ocidente.
Por Lev Golinkin, no Foward
24 de setembro de 2023
O Parlamento canadense aplaudiu de pé na sexta-feira um imigrante ucraniano de 98 anos que lutou em uma formação militar do Terceiro Reich acusado de crimes de guerra.
O idoso veterano Yaroslav Hunka foi homenageado durante uma sessão em que o Presidente Volodomyr Zelenskyy da Ucrânia dirigiu-se aos legisladores para lhes agradecer o seu apoio desde que a Rússia invadiu o seu país, dizendo que o Canadá sempre esteve “no lado positivo da história”. O presidente da Câmara dos Comuns, Anthony Rota – que comparou Zelenskyy a Winston Churchill – reconheceu um “veterano da Segunda Guerra Mundial que lutou pela independência da Ucrânia contra os russos e continua a apoiar as tropas hoje, mesmo aos 98 anos de idade. ”
A assembleia então se levantou para aplaudir um homem de uniforme cáqui parado na varanda, que fez uma saudação, de acordo com esta imagem da televisão canadense.
O homem foi identificado como Hunka pela Associated Press, que publicou uma fotografia mostrando Zelenskyy sorrindo e erguendo o punho durante a ovação.
A legenda da AP descreveu Hunka como tendo “lutado com a Primeira Divisão Ucraniana na Segunda Guerra Mundial antes de imigrar para o Canadá”. A Primeira Divisão Ucraniana é outro nome para a 14ª Divisão de Granadeiros Waffen da SS, a ala militar do Partido Nazista; a unidade também se chamava SS Galichina.
Esta é a mesma unidade que é homenageada por monumentos polêmicos no Canadá, na Austrália e, como o Forward expôs recentemente , nos subúrbios de Filadélfia e Detroit. Grupos judaicos pediram a sua remoção.
Depois de um artigo do Forward em agosto, que foi seguido por cobertura no Philadelphia Inquirer, estações de televisão locais e outros meios de comunicação, a Arqueparquia Católica Ucraniana da Filadélfia cobriu temporariamente o monumento localizado em um cemitério em Elkins Park, Pensilvânia, enquanto se aguarda discussões com líderes judeus locais. . A Federação Judaica da Grande Filadélfia e filiais regionais do Comitê Judaico Americano e da Liga Anti-Difamação expressaram indignação com o monumento.
Formada em 1943, a SS Galichina era composta por recrutas da região da Galiza, no oeste da Ucrânia. A unidade foi armada e treinada pelos nazistas e comandada por oficiais alemães. Em 1944, a divisão foi visitada pelo chefe da SS, Heinrich Himmler, que falou da disposição dos soldados em massacrar poloneses.”
Três meses antes, as subunidades SS Galichina perpetraram o que é conhecido como massacre de Huta Pieniacka , queimando vivos entre 500 e 1.000 aldeões poloneses.
Durante os Julgamentos de Nuremberg , o Tribunal Militar Internacional declarou a Waffen-SS uma organização criminosa responsável por atrocidades em massa, incluindo a “perseguição e extermínio dos judeus, brutalidades e assassinatos em campos de concentração, excessos na administração dos territórios ocupados, a administração do programa de trabalho escravo e dos maus-tratos e assassinatos de prisioneiros”.
Após a guerra, milhares de veteranos da SS Galichina foram autorizados a reinstalar-se no Ocidente, cerca de 2.000 deles no Canadá. Naquela época, a unidade era universalmente conhecida como Primeira Divisão Ucraniana.
Um blog de uma associação de seus veteranos, chamado “Combatant News” em ucraniano, inclui uma entrada autobiográfica de Yaroslav Hunka que diz que ele se ofereceu para se juntar à divisão em 1943 e várias fotografias dele durante a guerra. As legendas dizem que as fotos mostram Hunka durante o treinamento de artilharia SS em Munique, em dezembro de 1943, e em Neuhammer (hoje Świętoszów), na Polônia, local da visita de Himmler.
Em postagens no blog datadas de 2011 e 2010, Hunka descreve os anos de 1941 a 1943 como os anos mais felizes de sua vida e compara os veteranos de sua unidade, espalhados pelo mundo, aos judeus.
O Canadá possui dois monumentos à unidade, um em Wayville, que fica nos arredores de Toronto, e outro em Edmonton. Organizações judaicas canadenses pediram sua remoção.
Não está claro se Zelenskyy sabia que Hunka lutou com a unidade. Em 2021, o presidente ucraniano juntou-se aos governos de Israel e da Alemanha na denúncia de uma marcha em homenagem à SS Galichina em Kiev.