Nesta sexta-feira, 22, acordamos com a reportagem do Valor Ecônomico falando sobre a reunião que o ex-presidente Bolsonaro teve com os comandantes da Marinha, Aeronaútica e Exército no Palácio do Alvorada, logo após o segundo turno das eleições, especificamente na noite do dia 24 de novembro. A reunião convocada pelo então chefe de estado foi para apresentar o plano de golpe.
Nesta ocasião, apenas o almirante Almir Garnier ficou entusiasmado com a intentona golpista. Como sabemos, Garnier sempre foi um militar medíocre e que nunca comandou as duas esquadras da Marinha, localizadas no Rio de Janeiro e na Bahia, mas que foi escolhido a dedo por Bolsonaro como garantia de lealdade e de dívida política. Com isso, podemos entender o apoio automático de Garnier, mas sem esquecer da sua veia golpista.
Ainda de acordo com a reportagem, o comandante da Aeronaútica, brigadeiro Carlos Batista, ficou em silêncio e o único que “enfrentou” o criminoso Bolsonaro foi o general Freire Gomes, que comandava o Exército. O silêncio de Batista pode ser interpretado como de medo ou cumplicidade, nunca saberemos de fato.
Mas o tal enfrentamento de Freire Gomes não deixa de ser interessante. Isso porque, segundo a reportagem, quando Bolsonaro perguntou aos comandantes se poderia colocar o plano golpista em prática, o general teria dito o seguinte: “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”. Ora, do jeito que foi dito nos passa a impressão que “os militares salvaram a democracia”, como inacreditavelmente disse o ministro da Defesa, José Múcio.
Mas não, eles não salvaram coisa alguma. O fato é que os militares brasileiros são mais leais aos Estados Unidos do que qualquer presidente brasileiro. Sempre foi assim, uso como exemplo o próprio golpe de 1964, quando o general Castelo Branco mantinha contato direto com Lincoln Gordon, embaixador dos EUA em solo brasileiro.
Com isso, quero dizer que o golpe de estado arquitetado pela ORCRIM bolsonarista, em 2022, só não aconteceu porque as forças estadunidenses, por meio de seus porta-vozes, já teriam avisado aos comandantes brasileiros que não iriam apoiar a ruptura e que cancelaria todas as parcerias científicas e militares que possuem há décadas com o Brasil. Pode parecer rídiculo, mas sendo assim, podemos dizer: “Obrigado, Tio Sam?”.