O general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e conselheiro militar de Jair Bolsonaro (PL), negou associação a um golpe de Estado.
A declaração do militar foi feita após o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, no qual ele afirmou que o ex-presidente da República conversou com a cúpula das Forças Armadas a respeito de um eventual golpe após o resultado das eleições presidenciais de 2022.
“Nunca participei de reuniões para tratar do assunto golpe. O Presidente decidiu não realizar ações fora das quatro linhas da Constituição. Nunca houve clima para atividades ilegais”, informou Heleno ao UOL.
O ex-braço direito de Bolsonaro afirmou em depoimento de delação premiada que as Forças Armadas, ministros da ala militar e o ex-presidente da República se reuniram para discutir o possível golpe, incluindo, ainda, detalhes de uma minuta golpista de intervenção militar.
O Exército, por sua vez, não se envolveu ou se pronunciou frente às informações de Cid, uma vez que o processo investigatório ainda está em trâmite na Justiça. “Em consequência, a Força não se manifesta sobre processos apuratórios em curso, pois esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”, afirmou em nota.
“[O Exército] vem acompanhando as diligências realizadas por determinação da Justiça e colaborando com todas as investigações e pauta sua atuação pelo respeito à legalidade, lisura e transparência na apuração de todos os fatos que envolvam os militares.”
A Marinha, também através de comunicado, afirmou que colabora com as investigações em pauta e, assim como o Exército, “não se manifesta sobre processos investigatórios em curso no âmbito do Poder Judiciário”.
Afirmativas de Cid
As informações das declarações de Cid foram publicadas originalmente no jornal O Globo. Segundo o veículo, o tenente-coronel relatou que o “então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente“.
O militar afirmou que participou da reunião em questão. Cid disse, também, que o comando do Exército negou participação no plano golpista.
A Polícia Federal, agora, investiga se o documento apresentado no encontro com os militares relatado por Cid é a mesma minuta encontrada com o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. No documento, Torres sugeria a convocação de uma nova eleição e a prisão de adversários por supostas irregularidades.
O ministro da Defesa atual, José Múcio Monteiro, declarou que irá convocar os atuais comandantes em reunião para elucidar os fatos e argumenta, ainda, que um eventual golpe nunca foi de interesse das Forças Armadas.
“Uma coisa eu tenho absolutamente certeza cristalina é que o golpe não interessou em momento nenhum às Forças Armadas. São atitudes isoladas de componentes das Forças”, afirmou.
“Nós, das Forças Armadas, vamos querer punir os culpados. Não tenha dúvida nenhuma. As Forças Armadas estão absolutamente tranquilas. Evidentemente que existem casos ou existiram casos isolados e nós estamos querendo o nome dos culpados para que esse manto de suspeição não caia em cima de todo mundo”, concluiu Múcio.
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