Guedes critica narrativa de ‘roubo da eleição’ e reconhece méritos do PT

O ex-ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, reconhece aspectos positivos das administrações petistas e enfatiza o crescimento “intenso” do capitalismo chinês, comparando-o ao vigor da Revolução Industrial na Inglaterra do século XIX. Essas observações foram feitas durante um curso divulgado em colaboração com o youtuber Thiago Nigro, mais conhecido como Primo Rico, por meio das redes sociais.

Dentre os aspectos positivos mencionados por Guedes sobre os governos petistas no período de 2003 a 2016, destaca-se a criação do Bolsa Família, que ele descreve como uma política sólida de transferência de renda para os mais vulneráveis

“[A gestão do PT] Tem muita coisa boa e tem muita coisa ruim. Nós podemos falar, entre as coisas boas, a preocupação com a inclusão dos mais frágeis no orçamento público, a ideia inicial de orçamento participativo, a ideia inicial de transparência, exatamente para acabar com a corrupção”, declarou Guedes.

Entretanto, ele argumenta que a dicotomia entre direita e esquerda deve ser superada, enfatizando que o essencial é compreender o papel da economia de mercado na sociedade, independentemente da inclinação política para a esquerda ou a direita.

“Se for alguém de esquerda que respeita a propriedade, que sabe que a economia de mercado é importante, que entende que as privatizações, a Previdência, são questões, pode se atacar de forma mais eficiente. Se houver compreensão, nós estamos indo para o território de cima. E da mesma forma que a direita tem o direito de falar, tem direito de divergir, tem um direito de ser contra o que ela vê de errado lá de lá, ela não pode sofrer censura, não pode sofrer perseguição”, afirma.

Logo no início do curso, Paulo Guedes argumenta que a China apresenta um capitalismo “intenso”, com potencial para se tornar o mais vigoroso desde o século XIX, durante o auge da Segunda Revolução Industrial, quando a Inglaterra expandiu sua influência econômica global.

“A China, de repente, dispara porque mergulhou no capitalismo, apesar de ser um regime político fechado do ponto de vista econômico, é um capitalismo brutal. Talvez o de maior ferocidade desde os ingleses dois séculos atrás”, disse.

Guedes também expressou desacordo com as ideias de Karl Marx, descrevendo-o como um “discípulo menor de Ricardo” em alusão a David Ricardo, que estabeleceu a teoria do valor-trabalho, um dos pilares do pensamento marxista. O ex-ministro da Economia, notório por sua defesa do liberalismo econômico, argumentou que o pensador alemão transformou esse conceito em uma espécie de “uma religião laica, robô, a bandeira da prosperidade das grandes religiões”.