Guerra na Ucrânia e sanções ocidentais aproximaram China e Rússia, diz especialista

Wu Dahui, vice-reitor do Instituto Russo da prestigiada Universidade Tsinghua, diz que Moscovo quer estreitar laços com Pequim e que é pouco provável que Pequim se oponha a Moscovo. Foto: EPA-EFE

China e Rússia fortalecem laços estratégicos devido ao isolamento ocidental

Especialista chinês Wu Dahui analisa relação sino-russa após visita a Moscou e Donbass

O isolamento imposto pelo Ocidente à China, em decorrência do conflito na Ucrânia, tem levado o país asiático a estreitar suas relações com a Rússia, afirma Wu Dahui, um renomado especialista em relações sino-russas. Wu é vice-reitor do Instituto Russo da Universidade Tsinghua e compartilhou suas observações em um artigo que posteriormente foi removido online.

Embora China e Rússia compartilhem desconfianças em relação ao Ocidente, Wu aponta que ainda há diferenças significativas entre os dois países quanto às regras internacionais. A Rússia deseja reformular as normas dominadas pelo Ocidente, enquanto a China se beneficia da ordem global atual.

Wu realizou sua avaliação após visitar Moscou e territórios controlados pela Rússia na região de Donbass. Ele observa que, especialmente devido à extensa fronteira compartilhada entre os dois países, é improvável que a China se oponha à Rússia. “Ambos os países não têm escolha senão fortalecer sua colaboração estratégica”, diz Wu.

O especialista também destaca que a Rússia vê a multipolaridade global acelerando e acredita que uma aliança com a China impedirá o retorno à hegemonia dos Estados Unidos. Sergei Shoigu, Ministro da Defesa russo, elogiou a China como “um parceiro estratégico, bom vizinho e amigo leal”.

O fortalecimento dos laços entre China e Rússia tem levantado preocupações no Ocidente, especialmente porque a China tem mantido uma postura neutra em relação ao conflito ucraniano. Muitos temem ações chinesas em relação a Taiwan, apesar das negações de Pequim.

Wu também observa que, apesar de sua economia em declínio, a Rússia continua sendo uma potência influente, especialmente em termos de reservas de petróleo e gás natural. “A Rússia não será capaz de reestruturar a ordem internacional sozinha e precisará cooperar com outros países”, conclui Wu.

A China tentou mediar o conflito com um plano de paz de 12 pontos, que foi amplamente rejeitado. Wu acredita que uma “oportunidade de paz” pode surgir na próxima primavera, com a China desempenhando um papel mais significativo.

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