O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teme pelo acordo entre a União Europeia e o Mercosul, principalmente pelo eventual resultado eleitoral “exótico” nas eleições da Argentina. A declaração foi feita nesta segunda-feira (18), em evento realizado pela Bolsa de Nova York.
“Eu não sei o que vai ser do Mercosul se o acordo não for fechado e a gente tiver na Argentina um resultado eleitoral ‘exótico’, vamos dizer assim. Pode acontecer de nem o Mercosul sobreviver”, afirmou Haddad. “Se o acordo for fechado, talvez o resultado eleitoral não seja suficiente para implodir o bloco Mercosul”.
Embora o ministro não tenha citado o candidato à presidência argentina, Javier Milei, a frase faz referência ao político. Milei lidera as pesquisas de intenção de voto no país e já ganhou as eleições prévias. Ele é um político ultraliberal e já afirmou, ainda, que o Mercosul é um “fracasso comercial”.
Além disso, o candidato argentino também já criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na última terça (13), em entrevista à revista britânica The Economist, Milei declarou que o petista “não é apenas um socialista. Ele é alguém que tem vocação totalitária”.
O argentino afirmou que não iria manter relações com o mercado brasileiro se for o presidente do país. “Olhe as aberrações que ele [Lula] está cometendo em seu governo. Não posso apoiar tais assuntos”, completou.
Apesar de Milei não ter interesses comerciais com o Brasil, Haddad supõe que ele seja a exceção, caso se consolide a confirmação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Para o ministro, o bloco pode se tornar ainda mais atrativo para as outras nações sul-americanas.
“O Mercosul vai ser Mercosul-União Europeia a partir da chancela dos países. E aí passam a ver o Mercosul de outra maneira, a Colômbia poder ver de outra maneira, o Chile pode ver de outra maneira”, disse Haddad.
O ministro indicou, ainda, que o desejo de fechar o acordo ainda este ano parte do presidente Lula.