O governo de Lula planeja utilizar o BNDES para criar um fundo de financiamento voltado para a indústria de defesa do Brasil. Esse fundo tem como objetivo facilitar as exportações de armamentos, como o míssil Mansup, e conta com o apoio tanto do Exército quanto da Marinha.
A ideia é consolidar um Complexo Industrial de Defesa, voltado à produção e exportação de armas e equipamentos produzidos no Brasil.
O general Fernando José Sant’Ana Soares e Silva, chefe do Estado-Maior do Exército, e José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, confirmaram a iniciativa. O fundo envolverá diversos ministérios e busca aumentar o orçamento destinado à Defesa, que atualmente é de 1,05% do PIB, com a meta de chegar a 2%.
O general Soares ressaltou a importância de o Brasil manter sua neutralidade em relação aos blocos de poder globais. Ele vê o financiamento da indústria de defesa como um ponto de convergência entre militares e membros do governo Lula, apesar de algumas críticas vindas da base petista.
O fundo também foi discutido com Nelson Barbosa, diretor de planejamento e estruturação de projetos do BNDES. Segundo o general Soares, o objetivo é garantir a soberania do Brasil na produção de equipamentos de defesa. Ele afirmou que os recursos do fundo seriam pagos com os lucros obtidos pelas exportações.
Entre os produtos que poderiam ser exportados estão o míssil antinavio Mansup e o míssil anticarro MSS 1.2 AC. Carlos Alberto de Paiva Carvalho, diretor de competitividade da SIATT, empresa responsável pela produção desses mísseis, vê o fundo como uma mudança de paradigma que permitiria financiar exportações usando os recebíveis como garantia.
Alguns analistas externaram preocupações sobre o uso político do BNDES para financiar exportações, especialmente para países com problemas econômicos. No entanto, os envolvidos no projeto garantem que os potenciais clientes estariam fora desse arco ideológico.
O general Soares e as empresas de defesa esperam que o crescimento do setor seja acompanhado pelo desenvolvimento científico e tecnológico, além da criação de empregos. Eles também enfatizam a necessidade de adotar boas práticas de governança e eficiência na política pública.
Com informações da coluna de Marcelo Godoy, no Estadão.