Segundo documentos recebidos com exclusividade pelo Cafezinho e que tratam de Processos, Sindicâncias e Inquéritos Policiais Militares (IPM), instaurados para investigar os militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto, diante dos atos golpistas de 8 de janeiro, os militares nunca teriam sido simpáticos à ideia de acampamentos na frente do Quartel-general do exército em Brasília.
Mesmo que o alto-comando das forças armadas tenha sido complacente com acampamentos em áreas militares por todo o país, um dos inquéritos instaurados vai na contramão das alegações feitas pela Polícia Militar do Distrito Federal de que os militares teriam impedido o desmonte do acampamento em Brasília.
Segundo o inquérito, houve uma reunião da secretaria de segurança do Distrito Federal determinando de que o acampamento golpista na área militar seria o ponto de encontro dos golpistas para os atos do dia 8 de janeiro e esse seria o motivo da recusa dos militares em desmontar o acampamento no dia 29 de dezembro, alegando uma divergência dos planos propostos pela secretaria com o que de fato eles iriam fazer.
Segundo esses relatos, o plano inicial era de que fossem realizadas vistorias e inspeções no acampamento e que a recusa dos militares em desmontar o acampamento vem do fato de não haver nenhuma ação deste tipo prevista no planejamento da PMDF.
O documento também revela que o exercito em nenhum momento foi consultado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) sobre a utilização do Setor Militar Urbano (SMU) como ponto de concentração dos golpistas e dá a entender que os militares teriam sido “enganados” pelo GDF e que isso permitiu então que os golpistas do dia 8 de janeiro conseguissem se reunir em grande número, prejudicando o planejamento do Comando Militar do Planalto.
O IPM marca mais um episódio da guerra de versões entre Policiais Militares e membros das forças armadas sobre a responsabilidade dos fatos ocorridos durante o 8 de janeiro.