A deputada estadual Laura Sito (PT-RS) foi agredida por guardas municipais de Porto Alegre neste sábado (16). No momento, ela acompanhava o Movimento de Luta Nacional pela Moradia, que fazia negociações de uma ocupação de um prédio desativado da prefeitura.
Laura Sito é, além de parlamentar, presidente da comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
A iniciativa era comandada por Sebastião Melo (MDB), no Centro Histórico da capital gaúcha. A parlamentar e outros militantes participavam de um ato na Ocupação Rexistência POA, um grupo que luta por moradia digna na cidade. No momento em que os participantes estavam distribuindo marmitas no local, agentes da guarda municipal fizeram uso do spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha contra o movimento.
“Estávamos lá na negociação quando chegou o almoço do pessoal que estava ocupando. Nisso, já começaram a tacar gases na gente. Fui tentar negociar como deputada e recebi spray no rosto e tiros de bala de borracha. Estou com a perna toda machucada e quero identificar quais guardas fizeram isso”, afirmou Laura Sito em entrevista ao Globo.
Nas redes sociais, Sito expôs a situação de violência e denunciou a Guarda Municipal da gestão vigente. “Acabo de ser agredida pela Guarda Municipal do prefeito bolsonarista Sebastião Melo em Porto Alegre. Levei tiro de bala de borracha e muito gás lacrimogêneo, enxergando somente por um olho. Toda essa violência porque estava acompanhando uma luta por moradia popular. Mais companheiros do movimento também foram e vamos denunciar essa violação de direitos humanos! Estamos indo na delegacia!”, disse ela.
No vídeo da situação, é possível ver Laura sendo agredida pelos agentes municipais e, apenas quando um dos atingidos grita que ela é uma deputada da Comissão de Direitos Humanos, os guardas param a hostilização direta.
A parlamentar abriu um boletim de ocorrência e a Polícia Civil irá dar continuidade nas investigações do caso. Ao todo, três pessoas ficaram feridas e passaram por exames de corpo de delito no Palácio da Polícia. A prefeitura de Porto Alegre ainda declarou que os manifestantes ocuparam o prédio de forma irregular, mas que pretende oferecer opções de negociação com o grupo.
De acordo com o movimento, o prédio ocupado pelos manifestantes havia sido cedido pela Caixa Econômica Federal para a prefeitura utilizá-lo com fins culturais. No entanto, o local estava na lista de privatização da prefeitura.
“O local durante muitos anos foi ocupado pela cultura popular com diversas iniciativas culturais. No entanto, o local foi esvaziado com a promessa de que seria reformado e retornariam. A promessa não foi cumprida e o prédio está na lista de imóveis do município que serão leiloados. A ocupação denuncia a venda dos imóveis públicos da cidade e entrega do centro da capital para a especulação imobiliária”, declarou o Movimento Nacional de Luta pela Moradia.
A ocupação foi realizada na madrugada de sexta para sábado. Ainda não se sabe quantas famílias foram alojadas no prédio.
“Há uma decisão já tomada pelo município, por orientação do prefeito Sebastião Melo, de retirada deste prédio da possibilidade de venda, e a destinação dele para habitação social. Lamentamos que isso não tenha sido feito em uma mesa de negociação, não necessariamente em um processo de ocupação”, disse André Machado, secretário municipal de Habitação e Regularização Fundiária.
A gestão da prefeitura instaurou um processo administrativo para apurar as circunstâncias do conflito e a violência contra os manifestantes, inclusive da deputada estadual. “Este tipo de abordagem foge à normalidade das ações da corporação, que são pautadas no diálogo. Nenhum de nós tem interesse no conflito, na violência. Vamos garantir a segurança de todos até a conclusão do processo”, declarou o comandante da Guarda Municipal, Marcelo Nascimento.
Luciano Souza
17/09/2023 - 09h23
Parabéns pela reportagem. É preciso mais preparo, sensibilidade às causas sociais.