Marcada para esta terça-feira (19), a oitiva do general Braga Netto foi remarcada a pedido da relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD).
No lugar de Braga Netto, o colegiado ouvirá Osmar Crivelatti, ajudante de ordens que assinou a retirada de um dos relógios do acervo presidencial para venda nos EUA.
O adiamento da oitiva gerou espanto e dúvidas em alguns parlamentares que não entenderam o motivo. Mas a decisão da CPI dos Atos Golpistas de ouvir Braga Netto em outubro gerou ainda mais surpresa. Porém vem em boa hora, já que essa semana maioria dos parlamentares da base governista estarão em agendas fora de Brasília, o que faria com que a sessão fosse esvaziada e dominada pela oposição.
Fontes próximas da senadora Eliziane Gama afirmam que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação premiada, falou muito sobre o general e vice na chapa derrotada de Jair Bolsonaro e seu envolvimento em conspirações golpistas no entorno do ex-presidente derrotado. A expectativa é de que a CPMI tenha acesso a esses trechos ainda em outubro, tornado assim a inquirição ao general mais proveitosa.
Já outros parlamentares veem com desconfiança as alegações da senadora e afirmam, em condição de anonimato, que há uma enorme pressão para que Braga Netto não seja ouvido. Também há quem afirme que a mesa diretora da CPMI tem medo desta oitiva e suas consequências.
Não seria a primeira vez que a CPMI e seus membros seriam alvo de pressões de membros das forças armadas. Ainda na última quarta-feira (14), o presidente do colegiado desencorajou que membros da base governista direcionassem esforços sobre os militares. No final do mês passado, a deputada Duda Salabert (PDT) retirou um requerimento de convocação do presidente do Superior Tribunal Militar (STM), o tenente-brigadeiro Joseli Parente, após uma reunião com o mesmo, cujas circunstâncias são incertas e imprecisas.
Isso sem falar das aproximações sucessivas do ministro da Defesa, José Múcio, e também da assessoria parlamentar do Exército.
Ou seja, aparentemente mais detalhes sobre a delação de Mauro Cid que ainda não foram vazados para a impressa, já estão em posso de membros da CPMI e principalmente, parece que a relatora está confiante ou tem alguma informação privilegiada da rumorosa delação que pode acabar afundando o general bolsonarista ainda mais nas conspirações golpistas do entorno de Jair Bolsonaro.
Resta saber qual o teor do conteúdo da delação neste tema, o que até o momento está muito obscuro.