A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber irá se aposentar em menos de um mês e, com sua saída, a presença feminina na Corte se encolhe ainda mais. Apesar disso, a maioria dos brasileiros diz não se importar com o gênero da próxima pessoa a ocupar a cadeira.
O Datafolha divulgou uma pesquisa nesta sexta-feira (14) que indica o posicionamento da população do país: 51% não se importariam se a indicação ao STF fosse mais um homem, enquanto 47% defendem que a escolhida seja outra mulher.
Com a saída da magistrada, sobra apenas a ministra Cármen Lúcia na Corte, o que aumenta a pressão para que a representatividade feminina entre os componentes seja uma questão a se zelar. Além disso, a indicação de Cristiano Zanin à vaga do ministro Ricardo Lewandowski, aposentado desde abril, foi outro fator de relevância para a insistência no pedido.
De acordo com o jornal O Globo, apenas 19% da composição das cortes superiores do país são de representantes femininas. E não só o âmbito de gênero é abordado: o movimento negro do país pede, também, que a cadeira passe a ser ocupada por uma mulher negra.
As três únicas mulheres indicadas ao STF são brancas. São elas: Ellen Gracie, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Por parte dos homens, apenas Joaquim Barbosa e Kassio Nunes Marques, que se autodeclara pardo, não são brancos.
Quanto mais próximo da data de aposentadoria de Weber, mais a pressão popular cresce em torno do tema. O presidente Lula, no entanto, parece não perceber. Ainda em julho deste ano ele já afirmou que não iria “assumir o compromisso” de indicar uma mulher à vaga.
“Não é um compromisso antecipado. Pode ser uma mulher, pode ser homem, pode ser um negro. Vai depender. Eu já aprendi muito, eu já indiquei muita gente. Eu quero, com muito cuidado, indicar uma pessoa para que o Brasil possa ganhar”, afirmou o petista à TV Record.
Atualmente, Lula vem articulando com postulantes homens para a Corte e já definiu três favoritos: os ministros Flávio Dino, da Justiça, Jorge Messias, da Advocacia Geral da União, e o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.
Conforme indica a pesquisa do Datafolha, a indiferença em relação à nomeação de uma mulher para o STF é mais comum entre o público masculino, atingindo 53% de desinteresse e 44% deles apoiam a escolha feminina. Entre as mulheres, a opinião é ainda mais dividida, com 49% em ambos os cenários.
Ao levar em consideração o aspecto político, existe uma pressão crescente por uma nomeação feminina para ocupar a vaga de Rosa Weber entre os eleitores de Lula, com 60% deles defendendo a manutenção da representatividade de gênero. Outros 38% demonstram indiferença em relação à escolha.
Por outro lado, entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), observa-se um movimento oposto: 66% dos entrevistados afirmam que o gênero do futuro ministro não faz diferença para eles, enquanto 31% preferem uma mulher.
É interessante notar que setores mais alinhados ao bolsonarismo também se mostram mais indiferentes à questão da representatividade feminina na Corte. Entre aqueles que têm renda mensal de 5 a 10 salários mínimos, 57% não expressam preferência em relação ao gênero do próximo indicado, enquanto 40% têm uma inclinação por uma indicação feminina. Na região Sul e entre os evangélicos, a maioria (57%) não apresenta preferência quanto ao gênero do nome a ser escolhido, enquanto 41% manifestaram predileção por uma candidata feminina.
Rosa Weber irá se aposentar, uma vez que atingiu o limite de idade de 75 anos. Há 12 anos atrás a ministra havia sido indicada por Dilma Rousseff, presidente do tribunal à época. Contando com Weber, são apenas duas mulheres entre as 11 pessoas que compõem a corte.