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Como o TikTok foi utilizado para comunicação política durante a campanha eleitoral de 2022?

Em estudo de caso conduzido por Lux Ferreira, a netnografia foi usada para analisar como humor e hostilidade foram utilizadas na plataforma de vídeos curtos a partir da perspectiva de ume antropólogue não binárie. Publicado em 15/09/2023 Por Clarice Tavares e Fernanda K. Martins InternetLab— O uso das plataformas de redes sociais como parte central […]

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Em estudo de caso conduzido por Lux Ferreira, a netnografia foi usada para analisar como humor e hostilidade foram utilizadas na plataforma de vídeos curtos a partir da perspectiva de ume antropólogue não binárie.

Publicado em 15/09/2023

Por Clarice Tavares e Fernanda K. Martins

InternetLab— O uso das plataformas de redes sociais como parte central da campanha política e do debate político-eleitoral já é uma realidade consolidada há mais de uma década no Brasil. As narrativas e os discursos políticos adaptam-se e alteram-se, portanto, a depender do contexto histórico, eleitoral, regional e, também, da plataforma utilizada. Nas eleições de 2022, levantamos algumas questões:

i. Como as plataformas de vídeos curtos são incorporadas no debate político?

ii. Qual o papel do TikTok, que se define como “uma plataforma de entretenimento”, no debate eleitoral?

iii. Como dimensionar debates políticos e campanhas eleitorais em moldes de vídeos curtos?

Foi a partir destes questionamentos que o InternetLab, em parceria com Lux Ferreira, produziu o relatório Eleições no “For You”: um estudo de caso sobre a campanha eleitoral de 2022 no TikTok. O documento busca compreender, por um lado, como a proposta de entretenimento, com vídeos curtos e humorísticos, do TikTok foi adaptada para o contexto eleitoral. Por outro, como o algoritmo de recomendação impactava os discursos políticos, na medida em que o algoritmo do TikTok não alimenta prioritariamente a conexão entre pessoas próximas ou apresenta atualizações de conteúdo de pessoas seguidas, mas lê preferências individuais a partir do comportamento de usuárias e usuários dentro da plataforma, gerando, assim, uma série de recomendações de vídeos de contas desconhecidas.

Para tanto, foi realizada uma netnografia, com o objetivo de capturar a dinâmica de funcionamento da plataforma, as ferramentas disponíveis para produção e compartilhamento de vídeos, bem como formas de engajamento de usuários.

Por que uma netnografia?

A netnografia é uma metodologia de pesquisa, que parte da etnografia e utiliza meios de comunicação digital, com o objetivo de compreender fenômenos sociais que se dão no espaço online. Na netnografia do TikTok, o foco da pesquisa foram as narrativas, padrões de produção de conteúdo, mobilizações de ferramentas próprias e reações de demais pessoas usuárias em interações por comentários que se dão nessa plataforma particular de compartilhamento de vídeos.

É importante ressaltar que a etnografia é, via de regra, um modo antropológico necessariamente situado de fazer pesquisa. Em seus moldes convencionais, de presença física em campo, a etnografia se dá estruturada pela presença do sujeito pesquisador que traz consigo uma linguagem própria, interesses prévios, marcadores sociais da diferença que afetaram sua trajetória, sua perspectiva e seu encontro e legibilidade por pessoas interlocutoras. É uma forma de condução de pesquisa que se entende como parcial, e não exaustiva.

Portanto, esta não é uma pesquisa que pretendeu dar conta exaustivamente da plataforma, mas apresentar as perspectivas e análises de Lux Ferreira, antropólogue responsável pela condução da etnografia, em que seus marcadores sociais, enquanto uma pessoa branca não binárie – organizaram o seu olhar na condução da pesquisa, bem como sua não-familiaridade com a plataforma. Para além do olhar de Lux, as análises também foram atravessadas pela participação, leitura e revisão da equipe do InternetLab.

Os dados encontrados

A netnografia identificou três principais fenômenos:

(i) a forma como a duração e ritmo dos vídeos curtos divergem entre usuários(as) de diferentes espectros políticos, em que vídeos alinhados à esquerda tendem a ser mais longos, enquanto aqueles produzidos por apoiadores de candidatos(as) de esquerda tendem a ser mais curtos e com mais edição;

(ii) a mobilização de conteúdos humorísticos e com o uso de humilhação como parte central do debate político; e

(iii) a tendência de haver um reforço positivo nos comentários dos vídeos do TikTok, em que é possível identificar um padrão de concordância entre o conteúdo dos vídeo e seus comentários, na medida em que conteúdo recomendado a pessoas usuárias é feita a partir de preferências detectadas reiterando convicções já estabelecidas a priori.

O relatório pode ser lido, na íntegra, em português.

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