Foragido há oito meses, um dos condenados pela tentativa de explodir uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília no ano passado foi preso nesta quinta-feira (14). Wellington Macedo de Souza, de 47 anos, foi capturado pela Polícia Nacional do Paraguai, na Cidade do Leste.
A ação que identificou e prendeu o foragido contou com a colaboração da Polícia Federal. Outros dois condenados pelo atentado na véspera do Natal de 2022 já estavam presos, mas Macedo havia fugido. Nesta quinta ele foi entregue às autoridades brasileiras na Ponte da Amizade, local de encontro entre Foz do Iguaçu, no Paraná, e Cidade do Leste, município paraguaio.
George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues estão presos desde janeiro deste ano, mês em que Macedo se tornou foragido. Os três homens colocaram o explosivo em um caminhão de combustíveis, mas a explosão não ocorreu, pois o motorista do veículo identificou a carga desconhecida com antecedência.
A pena dos homens foi fixada em regime inicial fechado, respectivamente, em nove anos e quatro meses de prisão, e cinco anos e quatro meses. Wellington Macedo foi condenado a seis anos de prisão e multa de R$ 9,6 mil.
A participação do último réu foi descoberta devido à tornozeleira eletrônica que ele usava à época. Foram as informações do rastreamento que permitiram que a PF identificasse o caminho feito no dia do crime, ainda que ele tenha rompido a tornozeleira no dia seguinte, 25 de dezembro.
Em janeiro deste ano, menos de um mês após o atentado, o programa Fantástico divulgou vídeos das câmeras de segurança de uma loja e do próprio caminhão que seria usado. Nas imagens é possível ver Wellington dirigindo um carro que se aproxima lentamente do caminhão, para que Alan Diego dos Santos Rodrigues coloque a bomba.
Nas redes sociais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, agradeceu o trabalho da polícia do país vizinho pela “execução de importantes prisões de brasileiros acusados de crimes relativos ao 8 de janeiro e outros atos delituosos, a exemplo da bomba no aeroporto de Brasília”
Condenado e blogueiro
Não é a primeira vez que Wellington Macedo aparece envolvidos em casos de atentados deste nível. Ele é blogueiro e tem uma forte presença nas redes sociais, influenciando seus seguidores com chamamentos a protestos antidemocráticos, alusões a golpe militar e organização de caravanas. Além disso, ele já trabalhou como assessor da ex-ministra e senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
Em 2021, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, decretou a prisão do homem por incentivo a atos antidemocráticos em 7 de setembro daquele ano. Damares, sua ex-chefe, afirmou que Macedo fez greve de fome após ser preso e, inclusive, enviou uma equipe dos Direitos Humanos para verificar a situação. No entanto, a senadora nega envolvimento com o caso da bomba.
“Eu não tenho ligação com ele. Ele está sendo acusado de uma bomba. É muito sério. Ninguém pode concordar que uma bomba seja colocada numa lugar e coloque vidas em risco”, disse ela.
Após 42 dias preso, o blogueiro passou a cumprir prisão domiciliar e usava tornozeleira eletrônica – o que não o impedia de frequentar o acampamento bolsonarista em frente ao quartel do Exército, em Brasília.
A Polícia Civil do Distrito Federal indicou, ainda, que Macedo teve participação ativa nos ataques contra o prédio da PF em Brasília em 12 de dezembro de 2022. Na ocasião, bolsonaristas tentaram invadir o local e incendiaram veículos.
Em agosto deste ano, Macedo tentou ir à posse do presidente do Paraguai, Santiago Peña, que contava com o presidente Lula entre os convidados. Ele pediu a credencial do evento como jornalista independente, mas teve a solicitação negada pelo governo do país, que pesquisou os antecedentes criminais do blogueiro antes.