China sobe o tom contra imperalismo americano e pede reforma democrática na ONU

Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, em Pequim. Imagem: REUTERS

China critica restrições tecnológicas dos EUA em documento de posição para novas diretrizes cibernéticas na ONU e pede “supervisão internacional” para a liberação de água de Fukushima pelo Japão

Pequim propõe reformas na ONU para ampliar a representatividade dos países em desenvolvimento

Em seu mais recente documento de posição apresentado à Organização das Nações Unidas (ONU), a China condenou as restrições tecnológicas impostas pelos Estados Unidos, defendendo um ambiente “aberto, justo e igualitário” para o desenvolvimento tecnológico global. O documento, divulgado na última quarta-feira, argumenta que a ciência e a tecnologia devem servir ao bem comum, em vez de serem usadas como ferramentas para limitar o progresso de nações específicas.

“Países não devem confundir suas ambições hegemônicas com a governança de novas tecnologias, nem utilizar o conceito de ‘segurança nacional’ para justificar ações que reforcem suas próprias vantagens tecnológicas”, declarou o documento.

O texto também delineia a visão de Pequim para utilizar a ONU como plataforma para estabelecer regulamentos e padrões em áreas como inteligência artificial, com o objetivo de “aumentar a representatividade e a voz dos países em desenvolvimento”.

[O que é um Documento de Posição na ONU? Um documento de posição na ONU é um relatório formal que apresenta a posição oficial de um país sobre questões específicas. Ele serve como base para negociações e discussões dentro da organização e é frequentemente usado para propor reformas ou novas diretrizes.]

O documento também expressa oposição à militarização do ciberespaço e à utilização da “segurança nacional” como pretexto para negar a outros países o direito legítimo ao desenvolvimento tecnológico.

Além das questões tecnológicas, o documento aborda temas mais amplos da governança global, como paz, segurança e direitos humanos. Uma das principais preocupações levantadas foi a liberação de água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima pelo Japão no Oceano Pacífico.

“A comunidade internacional deve ser plenamente consultada e uma supervisão rigorosa deve ser implementada para garantir o tratamento seguro e transparente da água contaminada”, afirmou o documento.

O texto também reitera as críticas da China à “politização” e aos “padrões duplos” em questões de direitos humanos, seguindo a divulgação de um relatório da ONU sobre a situação em Xinjiang no ano passado.

Como um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a China defende que as demandas da África devem ser priorizadas nas reformas do conselho, argumentando que ele “não deve se tornar um clube exclusivo para nações grandes e ricas”.

“A reforma deve efetivamente ampliar a representatividade e a voz dos países em desenvolvimento, corrigir injustiças históricas em relação à África e permitir que mais países com políticas externas independentes e imparciais participem ativamente na tomada de decisões”, concluiu o documento.

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