(Xinhua) – Os membros do Grupo dos 20 (G20) concordaram no sábado em aceitar a União Africana (UA) como novo membro, com forma de dar mais voz e representação aos países em desenvolvimento.
O acordo foi alcançado na sessão inaugural da cúpula de dois dias do G20, realizada em Nova Délhi no fim de semana.
Entre aplausos de outros representantes do G20, Azali Assoumani, presidente da União das Comores e atual presidente da UA, assumiu seu assento representando o grupo de 55 estados-membros para a sessão.
Criado em 1999, o G20 é a plataforma principal para cooperação internacional nas áreas de finanças e economia. Anteriormente, era composta por 19 países e pela União Europeia (UE).
A UA, cuja designação anterior era “Organização Internacional Convidada” do G20, agora tem estatuto igual ao da UE.
“Felicito a entrada da UA como membro de pleno direito no G20”, escreveu após a adesão da UA o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki, na rede social X, antigo Twitter. “A adesão que há muito buscamos proporcionará um cenário adequado para aumentar a advocacia do continente e sua contribuição efetiva para enfrentar os desafios globais”.
A aprovação do G20 é uma resposta a um apelo generalizado que a China fez explicitamente pela primeira vez, para garantir ao órgão continental a adesão plena e “aumentar a representação e a voz dos países em desenvolvimento na governança global”.
“Ser aceito como membro permanente do G20 é uma boa notícia para a voz da UA estar presente e forte na definição de políticas a nível global”, disse Steve Patrick Lalande, diretor de gestão de parcerias e mobilização de recursos da Comissão da UA.
“Temos grandes expectativas de que a voz do povo africano será ouvida. Assim, o desenvolvimento será bem promovido em todo o mundo”, disse Lalande.
“Vejo algo realmente importante acontecendo”, disse à Xinhua, Mathapelo Monaisa, membro da delegação sul-africana à cúpula do G20, agradecendo o papel da China no apoio à adesão da UA ao G20.
“Como parceiros no BRICS, gostaríamos de ver outros membros ter mais representação em várias plataformas multilaterais, e o apoio da China à adesão da UA ao G20 é importante”, destacou Monaisa.
“Ambos somos completamente a favor do multilateralismo para um mundo melhor, e é por isso que precisamos nos apoiar mutuamente”, disse o delegado sul-africano.
As nações em desenvolvimento têm pressionado consistentemente por uma maior influência no sistema de governança internacional global. Este desejo surge da realidade de que o Sul Global, composto por mercados emergentes e países em desenvolvimento, tem sofrido negligência e marginalização prolongadas, fazendo com que seus interesses sejam ignorados.
Desde liderar a maior expansão na história do BRICS no mês passado, até reafirmar repetidamente o apoio à inclusão da UA no G20 e apelar às organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas, para priorizarem as aspirações de desenvolvimento da África, a China está mostra seu compromisso com os países do Sul Global através de ações concretas.
“A China foi o primeiro membro do G20 a declarar seu apoio de forma clara e evidente à adesão da União Africana. Esta é uma questão de justiça e pragmatismo”, disse Keith Bennett, consultor de relações internacionais baseado em Londres.
“Assim como acontece com o grande interesse de muitos mercados emergentes e países em desenvolvimento em aderir ao mecanismo BRICS, mostra o fato de que os países em desenvolvimento estão insatisfeitos ou já não querem mais ser apenas ‘seguidores de regras’ na chamada ‘ordem internacional baseada em regras’, concebida e colocada em prática por algumas potências ocidentais que buscam seus próprios interesses”, disse Bennett.
Para os países do Sul Global, incluindo os membros da UA, a adesão a plataformas de governança global é a primeira etapa para garantir uma verdadeira representação no sistema de governança global. Estas nações precisam de mais apoio para facilitar sua busca por desenvolvimento independente e sustentável.
Assim o Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais, um grupo de reflexão africano, escreveu em um relatório, o papel da África no sistema de governança global, incluindo o G20, “precisa de mais assentos à mesa”.
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