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Ruínas ferroviárias do Rio: apenas 46 dos 800 quilômetros estão em operação

Segundo uma matéria do jornal O Globo, o sistema ferroviário do estado do Rio de Janeiro está em declínio acentuado. Gonçalves Divino, um pintor de 73 anos que vive próximo à estação de Lídice, em Rio Claro, relembra os dias em que os trens eram uma presença constante. — No começo, tinha dificuldade de dormir […]

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Estação de Barra Mansa. Foto: Governo do Estado do RJ

Segundo uma matéria do jornal O Globo, o sistema ferroviário do estado do Rio de Janeiro está em declínio acentuado. Gonçalves Divino, um pintor de 73 anos que vive próximo à estação de Lídice, em Rio Claro, relembra os dias em que os trens eram uma presença constante.

— No começo, tinha dificuldade de dormir com o apito, mas depois me acostumei. Agora, tenho uma saudade — diz Divino, olhando para a estação semi-invadida e vagões enferrujados.

A situação em Lídice é um exemplo do que aconteceu com a malha ferroviária concedida à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que agora pertence à VLI. Dos 802 quilômetros de trilhos concedidos em 1996, apenas 46 estão em operação hoje. Outros 138 quilômetros foram devolvidos à União em 2013, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Nos 618 quilômetros restantes, muitos trilhos desapareceram, foram furtados ou cobertos por construções e vegetação. Estações, em sua maioria, estão em ruínas ou foram invadidas.

Ferrovias desativadas

O Globo também relata que no trecho entre o Centro de Angra e Barra Mansa, a estação do porto foi transformada em um centro turístico.

— Havia 16 túneis até Lídice. Um desabou. Hoje são 15, mas o acesso é só por trilha — conta Manoel Francisco de Oliveira, um engenheiro e morador de Angra.

Em Rio Claro, um viaduto foi cortado para permitir a passagem de caminhões mais altos. Em Barra Mansa, a estação de Joaquim Leite está em estado deplorável, sem portas, janelas ou chão.

— Em vez de pagar aluguel, pintamos, cuidamos. Deixaram a gente ficar. Olha como está diferente do resto da casa — aponta Roseli.

Em outra parte do estado, muitos trilhos também desapareceram, e a estação de Visconde de Itaboraí está em ruínas.

— Chegaram a construir em cima dos trilhos — lamenta Márcia Guilherme Porto.

De acordo com O Globo, há esforços para revitalizar pelo menos partes do sistema. A prefeitura de Miguel Pereira reformou 4,5 quilômetros de trilhos e quer implantar um trem turístico.

— Queremos comprar mais carros para ter pelo menos 15. Aguardamos que sejam feitas vistorias, para podermos pôr a linha para funcionar até o fim do ano — diz Alessandro Fonseca, secretário de Turismo de Miguel Pereira.

A ANTT informa que a VLI “tem sido multada por várias infrações em toda a malha sob sua responsabilidade”, e sua concessão vai até 2026. A VLI, por sua vez, esclarece que a devolução de trechos antieconômicos é uma obrigação contratual e que mantém operações regulares no Rio de Janeiro.

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