O partido Cidadania mudou seus rumos. Neste sábado (9), o ex-deputado Roberto Freire foi destituído do cargo de presidência da sigla em meio a conflito de interesses.
Há mais de 30 anos na legenda, Freire se envolveu em uma disputa pelo futuro do Cidadania. O então líder era visto como uma pessoa “explosiva” e com dificuldades para lidar com opiniões divergentes.
Em agosto, as discussões em pauta eram sobre ser base ou não do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sobre a federação com o PSDB. Diante disso, os integrantes do Cidadania haviam realizado uma reunião, que foi marcada por xingamentos e racha interno. Durante o encontro da Comissão Executiva Nacional da legenda, o comando de Freire foi questionado.
Na ocasião, a maioria da legenda decidiu que o partido deveria fazer parte da base de aliados da gestão Lula, mas Roberto Freire foi contra a adesão. Para ele, o partido deveria ser ampliado à federação PSDB-Cidadania, com uma aliança com os partidos Podemos e MDB – sua opção foi rejeitada.
Em nota, o então presidente declarou que sua saída do Cidadania era “irrevogável” e reiterou que foi “leal” aos seus princípios, além de expressar que espera que “não desonraram a história do partido”. Freire afirmou que não saiu do comando do partido, mas sim “foi tirado”. Ele também afirmou que não terá outra filiação partidária.
Quem irá assumir o cargo, agora, é o ex-deputado estadual do Rio de Janeiro, Plínio Comte Bittencourt. “Depois de duas décadas de militância, fui honrado com a indicação dos companheiros de partido para a Presidência da Executiva Nacional do Cidadania”, disse Bittencourt nas redes sociais.
O ex-parlamentar afirmou ter aceitado o “desafio” para “unir o partido em torno dos valores democráticos que sempre nortearam nossa atuação política”.
Freire esteve à frente do partido desde 1992, quando a legenda ainda era chamada de PPS, e era filiado desde 1985, no período de redemocratização, quando o partido tinha o nome de PCB. O ex-presidente do Cidadania, que anteriormente ocupou o cargo de ministro da Cultura durante o governo de Michel Temer, atuou como deputado federal e senador do país.
Além disso, ele apoiou Luiz Inácio Lula da Silva em oposição a Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições do ano passado. No entanto, após a vitória de Lula, ele tem expressado críticas às ações do novo governo.
O Cidadania tem apenas cinco deputados federais hoje, um número abaixo do mínimo exigido pela cláusula de barreira. No entanto, devido à formação de uma federação com o PSDB, a bancada agora conta com 18 representantes, o que a isenta das penalidades impostas pela regra – essas penalidades afetam o tempo de propaganda e os recursos financeiros disponíveis para o partido.
Leia a íntegra a nota de Roberto Freire
À Executiva Nacional do Cidadania:
Comunico minha saída da Direção Nacional. Desnecessário dizer que é irrevogável. Encerro, assim, uma longa vida neste partido, o único desde o PCB nos idos de 1962 do século passado.
Com a certeza de ter contribuído para sua bela história, de forma honrada e digna, saio ressaltando os homens e mulheres que deram a vida e respeito ao partido. Penso ter honrado a todos eles, travando o bom combate até o fim.
Fui leal aos meus princípios, aos princípios do partido e à nossa história, que, espero, não consigam desonrar. Aos amigos e companheiros leais de luta, que se somaram a mim nesse esforço, meu respeito e minha gratidão. Nestes termos, peço que tomem as devidas providências.
Roberto Freire
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