A Força Nacional de Segurança Pública atuará na segurança do desfile de 7 de Setembro neste ano, que irá ocorrer em Brasília.
O pedido foi encaminhado pela vice-governadora Celina Leão (PP) do Distrito Federal na última quarta-feira (31). Nesta segunda (4), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) atendeu ao ofício e determinou que o Exército disponibilize 17 mil homens para a ocasião.
“A Força Nacional participou hoje da reunião. Foi oferecida [ajuda] em conversa entre a vice-governadora, Celina Leão, e o ministro Flávio Dino. Não temos a mínima vaidade. Toda ajuda é necessária. Toda ajuda será aceita. E, na medida do possível, a gente vai encaixar no planejamento. Já há previsão, a gente só está discutindo efetivamente a quantidade, mas será muito bem-vinda e empregada”, afirmou o secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF, Alexandre Patury.
Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tenha preparado algum discurso para a data, o governo do DF foi alertado sobre eventuais confusões. O secretário executivo do ministério, Ricardo Capelli, recebeu a solicitação após as autoridades do Distrito Federal serem alertadas sobre vídeos nas redes sociais com ameaças de possíveis atos de vandalismo durante o Dia da Independência.
“Recebemos o pedido da governadora em exercício e iremos disponibilizar a Força Nacional para atuar de forma preventiva e cooperativa. Teremos uma bela festa”, afirmou Capelli.
Patury indica, no entanto, que não há nenhuma manifestação organizada pela o dia, de acordo com os dados analisados até o momento. “Sempre avaliaremos e não descartarmos nenhuma informação”, pontuou.
“Até o momento, não registramos nada efetivo ou organizado que possa, de alguma maneira, comprometer a segurança de 7 de Setembro. Não quer dizer que não possa ocorrer. Por isso, estamos vigilantes”, disse.
A quantidade de militares mobilizados para o 7 de setembro deste ano é inferior ao número de 2022, quando o Brasil chegou à marca de 200 anos da Independência, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nas redes sociais, os bolsonaristas já anunciaram como pretendem lidar com a data. Após oito meses frustrados com a intentona do 8 de janeiro, os apoiadores do ex-capitão incitavam protestos violentos no dia do evento. Um dos vídeos encaminhados era do pastor Silas Malafaia, abertamente apoiador de Bolsonaro.
“Sabe por que o ditador da toga, Alexandre de Moraes, comete todas essas injustiças? Porque temos meia dúzia de generais de quatro estrelas que são covardes e frouxos. É meia dúzia de general de quatro estrelas, que são frouxos, que podiam botar o pé na porta”, disse o pastor em um dos vídeos, atacando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e generais do Alto Comando.
Diante das ameaças, Celina Leão e Ricardo Capelli criaram um gabinete de crise para articular a segurança dos desfiles da data cívica. O grupo tem o intuito de “promover a ordem pública e social, coordenar as atividades administrativas e acompanhar os eventos de 7 de Setembro”.
Representantes dos Ministérios da Defesa, da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram convidados a participar da força-tarefa promovida para o episódio. Também foram chamados a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O plano de segurança irá restringir a circulação de pessoas e veículos na Esplanada e na Praça dos Três Poderes, além de reforçar a proteção de prédios públicos de Brasília.
Patury declarou que a Segurança Pública do DP aprendeu com as falhas ocorridas durante os ataques golpistas em 8 de janeiro.
“Nunca os órgãos, sejam do governo federal ou distritais, estiveram tão juntos, tão unidos. As nossas inteligências são praticamente uma só”, declarou. “Nós conseguimos reagir em velocidade enorme e tudo isso é aprendizado. Muitas vezes, é o aprendizado na dor que nos fez crescer”, afirmou.
Para o ministro da Justiça, Flávio Dino, a expectativa é que os desfiles programados ocorram em clima de “tranquilidade” e “concórdia”.
“Não há, até agora, nenhuma indicação objetiva de que o 7 de Setembro seja marcado por algum tipo de ataque. Infelizmente há, daqui, de acolá, cards na internet, isso demanda um acompanhamento. No que se refere à capital do país, demandei ao governo do Distrito Federal um cuidado especial. A governadora em exercício [Celina Leão] esteve conosco e nos demandou apoio da Força Nacional, e há mobilização própria das Forças Armadas”, disse o ministro.
Além disso, ele afirmou que os protestos pacíficos serão respeitados, mas nada chegará perto do que aconteceu durante as invasões das sedes dos Três Poderes.
“Pode haver alguém que eventualmente resolva protestar, e a gente frisa que a liberdade de expressão protege a manifestação pacífica. Se houver uma pessoa que proteste pacificamente, é claro que ela está no exercício regular do direito. Mas nós não vamos permitir que haja repetição dos terríveis atos de 8 de janeiro”, garantiu Dino.