Em entrevista concedida ao Estadão, o deputado Aécio Neves falou sobre seu retorno à cena política e seus planos para o futuro, incluindo a possibilidade de concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026. Tendo sido absolvido das acusações de corrupção que o afastaram da política, Aécio vem adotando uma postura crítica ao governo de Lula. Ele anunciou, de seu gabinete na Câmara, a criação de um núcleo para avaliar e monitorar os programas do atual governo.
Aécio, que em 2017 ocupava os cargos de senador e presidente do PSDB quando enfrentou as acusações de corrupção, enfatizou na entrevista que o partido deve se posicionar de forma mais firme contra o governo atual. “Temos de endurecer o discurso oposicionista”, afirmou, alfinetando aqueles que não querem nem Lula nem Bolsonaro.
No tocante à administração de Lula, o deputado revelou na entrevista que o PSDB tem planos para criar um núcleo de avaliação dos programas governamentais. Aécio disse se sentir aliviado após sua absolvição e pronto para contribuir na formação de uma alternativa política.
Questionado sobre sua queda política após as acusações, Aécio expressou que foi um período doloroso, mas que sempre confiou que a verdade viria à tona. Ele admitiu alguns arrependimentos quanto à sua conversa com Joesley Batista, mas destacou que não houve ilegalidades.
Ele não poupou críticas a ex-integrantes do PSDB, como Aloysio Nunes e João Doria, a quem atribuiu responsabilidade por prejudicar o partido. Sobre as acusações de corrupção que enfrentou, Aécio foi enfático em negá-las e lamentou que o PSDB não tenha defendido seus membros da mesma forma que o PT faz.
Durante a entrevista, Aécio também fez críticas às gestões de Lula e Dilma Rousseff, argumentando que perderam oportunidades de fazer mudanças significativas devido à corrupção e à má administração. Ele rejeitou ter alimentado suspeitas sobre a legitimidade das urnas eletrônicas e criticou Bolsonaro por politizar o tema.
Na visão de Aécio, o PT já não seria mais um partido de esquerda, mas de centro-esquerda, sendo a esquerda hoje representada por partidos como PCdoB e PSOL. Ele vislumbrou uma “avenida ao centro” que poderia ser explorada por um partido de oposição, papel que gostaria que o PSDB assumisse.
Ao ser questionado sobre possíveis candidatos para as eleições presidenciais de 2026, Aécio sinalizou que o campo político do centro e da direita provavelmente se uniria em torno de um candidato com maior chance de sucesso. Ele reforçou que o PSDB deve focar em ser oposição e liderar essa “avenida ao centro”.
Aécio concluiu, ainda na entrevista ao Estadão, argumentando que é necessário buscar uma “terceira via” para evitar a polarização e o alimentar dos extremos políticos. Ele acredita que o PSDB ainda tem um importante papel a desempenhar na política brasileira.