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Após Rui Costa perder apoio no PT em Salvador, aliado de ministro abandona candidatura

Um aliado do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), o ex-vereador José Trindade (PSB), optou por retirar sua candidatura à prefeitura de Salvador em 2024, revelando uma tensão interna na cúpula do partido em relação ao influente líder do governo Lula (PT). Essa decisão ocorreu uma semana após o PT confirmar o deputado estadual […]

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Um aliado do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), o ex-vereador José Trindade (PSB), optou por retirar sua candidatura à prefeitura de Salvador em 2024, revelando uma tensão interna na cúpula do partido em relação ao influente líder do governo Lula (PT).

Essa decisão ocorreu uma semana após o PT confirmar o deputado estadual Robinson Almeida como pré-candidato à prefeitura de Salvador. Essa escolha foi celebrada pela liderança do PT, mas causou atritos com as legendas aliadas e ampliou o isolamento de Rui no cenário político do PT na Bahia.

O deputado Robinson Almeida foi indicado durante uma reunião do diretório municipal do partido em 24 de agosto. No dia seguinte, essa escolha foi ratificada pelo diretório estadual, com o apoio da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

A nomeação recebeu aprovação unânime, revertendo um conflito interno que se consolidara nos últimos meses, envolvendo os aliados de Rui Costa e do senador Jaques Wagner. Ambos têm estratégias divergentes para enfrentar o prefeito e pré-candidato à reeleição, Bruno Reis (União Brasil).

A decisão final ficará a cargo do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que advoga por uma candidatura unificada e terá que arbitrar entre os interesses conflitantes dos aliados. Essa escolha deve ser feita até outubro, quando faltará um ano para as eleições.

Em uma conversa com a Folha nesta sexta-feira (1º), José Trindade alegou problemas de saúde como motivo para desistir de sua candidatura, citando uma recente cirurgia cardíaca na qual foram colocados três stents. “Vou priorizar minha saúde. A campanha para prefeito é muito desgastante e eu não preciso ser candidato para ajudar Salvador”, afirmou.


Desempenhando um papel central no governo de Lula, Rui Costa tem se abstido de comentar sobre a eleição em Salvador. No entanto, ele havia indicado discretamente aos seus aliados sua inclinação pela pré-candidatura de Trindade, presidente da Conder, a empresa estatal responsável por empreendimentos de infraestrutura.

Os apoiadores do ministro consideravam vantajosa a perspectiva de uma candidatura com ligações mais fortes ao centro político e a segmentos da classe média. Trindade, engenheiro de formação e ex-dirigente do sindicato patronal do setor de combustíveis, atuou como vereador de 2013 a 2020, período em que estreitou seus laços com Rui Costa.

A entrada de Trindade na corrida eleitoral foi percebida pela base como uma demonstração de influência do ministro, parte de sua estratégia visando as eleições de 2026, nas quais ele planeja concorrer a uma vaga no Senado. Alguns setores do PT têm criticado o ministro por não se desvincular de questões locais da Bahia.

O principal ponto de atrito surgiu quando houve uma tentativa de filiação política de José Trindade ao PT, com vistas à candidatura à prefeitura. Contudo, essa estratégia enfrentou forte resistência dos petistas, que passaram a defender a escolha de um candidato oriundo das fileiras do próprio partido.

O primeiro sinal interno dessa divergência surgiu em abril, quando o diretório municipal sinalizou o lançamento de uma candidatura em Salvador e apresentou como pré-candidatos Robinson Almeida, a socióloga Vilma Reis e a vereadora licenciada Maria Marighella.

As duas últimas perderam influência ao assumirem cargos em nível federal fora de Salvador – Vilma Reis tornou-se assessora nos Correios em Brasília, enquanto Maria Marighella assumiu a direção da Funarte, no Rio de Janeiro. Robinson, por sua vez, incorporou o desejo da militância por um candidato nativo do PT. “O PT precisa renovar suas lideranças para construir um novo ciclo em Salvador. Apresentei meu nome e vamos sentar na mesa para conversar com os aliados”, declarou à Folha.


Com dois mandatos como deputado estadual, ele ocupou a posição de secretário estadual de Comunicação de 2007 a 2014 durante a administração de Jaques Wagner, um de seus aliados políticos. Dentro das fileiras do PT, ele é associado à tendência Democracia Socialista.

Apesar de não ter recebido apoio público de Jaques Wagner, o deputado foi encorajado a se lançar como candidato. Publicamente, o senador tem afirmado que a decisão sobre a sucessão cabe ao governador e defende que o PT se mantenha aberto à possibilidade de apoiar candidatos de outras agremiações políticas.

Entretanto, nos bastidores do círculo próximo ao senador, há uma avaliação de que uma candidatura do PT teria mais capacidade de veicular um programa alinhado com o governador Jerônimo Rodrigues, o que redefiniria a postura do partido em Salvador e fortaleceria uma oposição com uma orientação mais ideológica em relação ao prefeito.

Esse movimento parece ser uma tentativa de evitar repetir os resultados das eleições de 2016 e 2020, nas quais o partido não conseguiu consolidar sua força para as eleições seguintes.

Nas últimas eleições, o partido seguiu a indicação do então governador Rui Costa e apostou em uma candidata externa: a policial militar Denice Santiago. Quatro anos antes, a candidata foi a deputada federal Alice Portugal (PC do B). Nas duas ocasiões, o PT foi derrotado no primeiro turno.

Dessa vez, o PT tem mostrado resistência em aceitar uma indicação imposta de cima para baixo. Isso tem deixado Rui Costa em um isolamento dentro do próprio partido, apesar de sua influência substancial na base aliada na Bahia.

Por outro lado, a disposição do PT em concorrer novamente em Salvador tem causado desconforto entre os partidos aliados, que enxergam uma postura de domínio dos petistas. Com exceção de 2016, o partido participou de todas as eleições municipais na capital baiana desde a redemocratização em 1985.

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Comentários

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Fábio

03/09/2023 - 15h35

Lançaram uma mulher negra quando não tinham chances de vencer, agora querem lançar mais um homem branco. O PT da Bahia é vergonhoso, dominado por ex sindicalistas brancos que ficariam muito bem no PSD.


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