A eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024 está se configurando como um dos eventos políticos mais polarizados da cidade desde a redemocratização do Brasil. Ricardo Nunes, o atual prefeito e pré-candidato à reeleição pelo MDB, e o deputado federal Guilherme Boulos do PSOL, estão explorando alianças para garantir candidaturas únicas na direita e na esquerda, respectivamente. O objetivo é evitar a divisão do eleitorado e consolidar suas posições como os principais candidatos.
Ricardo Nunes tem buscado alianças estratégicas para se consolidar como o candidato da direita. Ele está em busca da aprovação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Nos últimos meses, Nunes e Bolsonaro se reuniram quatro vezes em eventos públicos. Tarcísio já elogiou a gestão do prefeito, sugerindo um alinhamento político em formação. Além da política, Nunes tem feito movimentos significativos no setor empresarial. Ele participou de um café da manhã com nomes ligados ao mercado financeiro e foi elogiado por figuras importantes do setor imobiliário em um evento do Grupo Lide.
Do outro lado do espectro político, Guilherme Boulos já conta com o apoio significativo do PT, que decidiu não lançar um candidato próprio pela primeira vez em São Paulo. Boulos planeja uma série de caravanas pela cidade para se aproximar do eleitorado e promover debates sobre os problemas do município. Com o apoio do PT formalizado, é esperado que outras siglas da esquerda, como o PCdoB e o PV, também se juntem à sua campanha.
O PSDB, um partido que já elegeu três prefeitos em São Paulo, está passando por um momento de enfraquecimento e divisão interna. Enquanto o diretório municipal defende o apoio à reeleição de Nunes, a direção estadual avalia lançar um candidato próprio. A deputada federal Tabata Amaral do PSB também surge como uma possível terceira via, especialmente à esquerda. Seu apoio pode ser crucial no segundo turno da eleição.
As mudanças recentes nas regras eleitorais, como o fim das coligações e a implementação da cláusula de barreira, também estão desempenhando um papel na limitação do número de candidatos. Além disso, o surgimento das federações partidárias, que permitem que dois ou mais partidos atuem como uma única entidade durante a legislatura, está restringindo ainda mais o campo.
O cenário que se desenha para o ano que vem lembra a eleição de 1992, que contou com uma candidatura à direita, Paulo Maluf, à época no PDS, uma à esquerda, Eduardo Suplicy do PT, e outra à centro-esquerda, Aloysio Nunes, à época no PMDB. Outros possíveis candidatos citados por políticos e analistas são o deputado federal Kim Kataguiri da União Brasil, que não conta com o apoio do próprio partido para a empreitada, e do apresentador José Luiz Datena do PDT.
Faltando 14 meses para as eleições municipais, tanto dirigentes partidários quanto analistas políticos fogem de diagnósticos prematuros, como cravar o favorito na disputa eleitoral. Entretanto, há um ponto que está pacificado nos bastidores da política paulistana: a probabilidade do surgimento de um novo postulante com viabilidade eleitoral é quase nula. Assim, dizem dirigentes de partidos de esquerda e de direita, os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo com possibilidade de vencer o pleito já estão dados.
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