A Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro concluiu suas investigações sobre a morte do adolescente Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, durante uma operação policial na Cidade de Deus, zona oeste do Rio. O resultado é estarrecedor: quatro policiais militares envolvidos no incidente foram indiciados por fraude processual.
Os PMs Diego Pereira Leal, Aslan Wagner Ribeiro de Faria, Silvio Gomes dos Santos e Roni Cordeiro de Lima, todos pertencentes ao Batalhão de Choque da Polícia Militar, foram alvo de pedidos de prisão preventiva após as investigações revelarem indícios de que eles teriam plantado uma arma próximo ao corpo do adolescente, com o intuito de distorcer os fatos e manipular a cena do crime.
A Corregedoria também apontou para omissão de socorro e abuso de autoridade por parte dos policiais, que buscaram ocultar informações e fornecer depoimentos incompletos para atrapalhar as investigações. O Ministério Público já está com o inquérito em mãos.
O documento emitido pela corregedoria destaca que, caso os PMs permanecessem em liberdade, poderiam potencialmente apagar evidências e influenciar testemunhas. O inquérito revelou que os policiais decidiram por conta própria ocultar a verdade em seus depoimentos iniciais na delegacia.
Um dos aspectos chocantes das investigações foi a descoberta de que os PMs usaram um carro descaracterizado durante a operação que culminou na morte de Thiago. Isso vai ao encontro das suspeitas levantadas pela família da vítima, que já havia relatado a irregularidade.
A corregedoria também revelou evidências de que os PMs tentaram introduzir uma arma de fogo na cena do crime, possivelmente com o objetivo de incriminar o adolescente morto. “Existe indício suficiente de que eles podem ter fraudado o local do crime, plantando a arma que eles afirmam estar com a vítima. (…) Houve uma inovação, que aquela arma, ela não estava no local, conforme os PMs declararam”, explicou o promotor da Justiça Militar, Paulo Roberto Mello Cunha.
Durante os interrogatórios, os policiais deram depoimentos que lançaram luz sobre a operação e as irregularidades cometidas. Diego Pereira Leal admitiu ter efetuado quatro disparos durante a ação e mencionou o uso de carros particulares para obtenção de imagens por meio de drones. Aslan Wagner Ribeiro de Faria confirmou ter disparado tiros durante a operação, mas negou que tenham atingido Thiago. Roni Cordeiro de Lima esclareceu que não usou sua arma de fogo durante a ação e que o veículo utilizado era seu, e não estava fardado.
A família de Thiago e os defensores dos direitos humanos consideram a morte do adolescente como uma execução. A análise de testemunhas e imagens de câmeras de segurança foi entregue às autoridades para sustentar essa teoria. Em um dos vídeos, é possível observar um carro prata perseguindo a moto de Thiago, o que corrobora as suspeitas de que os PMs estavam na cola do adolescente.
O desfecho trágico dessa operação policial ressalta a necessidade de um profundo exame e reforma nas práticas policiais e nas abordagens de segurança pública no Brasil. A rápida ação da corregedoria na investigação é um passo importante, mas ainda há um longo caminho a percorrer para garantir justiça e transparência em casos como este.