Não é novidade que uma das principais bandeiras e ambições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de combater a desigualdade no Brasil. Tanto é que o chefe de estado sempre classifica essa bandeira como uma guerra a ser enfrentada dentro do próprio país.
Porém, Lula decidiu ir além durante sua visita oficial a Angola nesta sexta-feira, 25, onde recebeu a Ordem Doutor António Agostinho Neto, a maior honraria daquele país. O líder brasileiro disse que a partir de agora, tem um compromisso mundial de ajudar no combate as desigualdades.
O presidente demonstrou que deseja “fazer uma campanha mundial contra a desigualdade”, pois segundo ele, “quem tem uma causa não pode parar de lutar”.
“A desigualdade existe em tantos lugares que muitas vezes nós olhamos só para nós e não vemos que a desigualdade está entre eu e a pessoa que eu estou conversando. Porque nós temos a desigualdade de raça, a desigualdade de gênero, de idade, na qualidade da educação, na qualidade da saúde, no salário”, explicou Lula.
“Agora no Brasil nós aprovamos uma lei que a mulher vai ter que receber o mesmo salário do homem se ela fizer a mesma função. Agora é lei e nós achamos que foi um avanço extraordinário. E sabe o que pretendo fazer nessa campanha na luta contra a desigualdade? Essa luta só pode dar certo se a gente criar indignação nas pessoas que comem, delas ficarem indignadas com as pessoas que não comem. Só faz sentido fazer essa luta se a pessoa que estuda conseguir se indignar porque tem uma que não pode estudar”, prossegue.
Se a pessoa tomar café de manhã ela tem que se indignar porque tem uma criança que não toma café de manhã. Se nós não conseguirmos criar uma consciência de que esse mundo tem conhecimento científico, tecnológico, genético, esse mundo produz alimento para sustentar quantos bilhões de seres humanos nascerem, mas não tem sentido a quantidade de milhões de crianças que vão dormir toda noite sem ter um copo de leite para tomar. E não é porque não tem leite, porque não tem comida, é porque não tem dinheiro, porque a concentração de riqueza tem aumentado a cada dia que passa. Por mais que a gente lute, a concentração de riqueza vem aumentando. Cada vez mais o 1% tem mais riqueza e cada vez mais os 50% mais pobres estão mais pobres”, ressalta.
“Espero que eu possa conseguir o intento de convencer a humanidade a se indignar contra a desigualdade, porque não é possível. O Brasil é o terceiro maior produtor de alimento do mundo. O Brasil é o maior produtor de proteína animal do mundo. Entretanto, milhões não podem comer um pedaço de carne. 33 milhões de pessoas ainda passam fome no meu país, quanto nós tínhamos acabado com a fome em 2012. Eu já conversei com o Papa Francisco, eu já fui ao Conselho Mundial das Igrejas, e essa é uma luta que eu acho que a gente só vai ganhar se a gente colocar ela como prioridade na nossa vida, em cada discurso, em cada ação nossa”, completa.